Já se passaram mais de quatro meses após o aparecimento de quatis em casas de Joinville e a situação continua a incomodar moradores do bairro Floresta, zona Sul do município. Em reunião realizada no mês de maio, representantes da Polícia Ambiental, em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente (Sama), Câmara de Vereadores e moradores do bairro, definiram como seria a destinação dos animais. Além disso, uma empresa da região também participou para auxiliar no processo.
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O plano de ação consiste em enviar os quatis a uma área de mata da cidade. A captura seria realizada por meio de gaiolas cuja confecção ficou sob responsabilidade da empresa, também localizada no bairro Floresta e que, assim como os moradores, tem registrado a presença dos animais.
Entretanto, a captura dos quatis ainda não foi realizada e, além de incomodar os moradores, outra questão começa a preocupar ainda mais: o período de reprodução desses mamíferos a partir do mês de setembro.
– Durante a primavera até o início do verão as condições ambientais e climáticas favorecem a reprodução dos quatis, então é comum o aparecimento de filhotes durante o período. Além disso, especialmente ao longo da primavera, há mais disponibilidade de alimentos, o que também acaba contribuindo com esse surgimento – explica a veterinária Milena Ferrarini da Silva.
Gaiolas ainda não foram confeccionadas
De acordo com a vereadora Tânia Larson, quem tem levado a discussão adiante, a demora se dá pela falta da confecção das gaiolas por parte da empresa.
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– Nós não temos como seguir com o plano adiante sem as gaiolas. Temos feito as cobranças, mas esse é o passo que falta para prosseguir com a captura. E o que mais nos preocupa é a situação da reprodução deles agora em setembro – acrescenta a vereadora.

Em nota, a empresa que assumiu a responsabilidade informou que estão empenhados no auxílio à resolução do problema.
– A Mexichem Brasil e todos os seus profissionais responsáveis pelo assunto estão empenhados no auxílio à resolução dos problemas encontrados pela empresa e comunidade com relação à questão dos quatis. Todas as alternativas apresentadas pelos órgãos envolvidos estão sendo devidamente analisadas para que o manejo dos animais seja feito da forma correta e cause o menor impacto ambiental possível – diz a nota.
A Prefeitura de Joinville, por meio da Sama, disponibilizou cartilhas com orientações aos moradores, que incluem não oferecer alimentos, armazenar lixo em locais fechados, manter portas e janelas fechadas e evitar contatos diretos.
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– Tanto a frequência das visitas, como a quantidade de quatis diminuiu, não sabemos ao certo o porquê, mas creio que é por conta do clima e a baixa temperatura. Eles aparecem de uma a duas vezes por semana, em grupos entre quatro e seis animais e somente os adultos – conta a moradora Luana Fontana.
Segundo ela, a respeito de uma das orientações da campanha de Educação Ambiental sobre manter as portas e janelas fechadas, faz perder a liberdade que os moradores têm em suas casas. A todo o momento, eles precisam vigiar os cômodos da residência e a segurança de crianças e animais de estimação, por correrem o risco de serem mordidos ou arranhados pelos animais.
– Resumindo, não podemos remanejar esses animais, pois é crime e quem pode autorizar e orquestrar a operação não o faz. Minha maior preocupação, no momento, é com a segurança dos quatis e a nossa. Temo que eles possam ser envenenados pela vizinhança, como de costume em outros casos como esse. Infelizmente esse é o grande risco – finaliza a moradora.
Confira a cartilha na íntegra:
O que fazer se um quati entrar no quintal?
A primeira orientação é acionar os órgãos ambientais responsáveis. Já a principal orientação de conduta aos moradores é evitar o contato com qualquer animal silvestre, como o quati. Apesar de estarem muito próximos à área urbana, é preciso respeitar o animal porque está vivendo em seu habitat. Em nenhuma hipótese a pessoa deve tentar conter, pegar ou tocar nos quatis para evitar mordidas, arranhões ou acidentes desta natureza.
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Por que estes animais avançam na área urbana?
A perda de habitat é o principal fator que acarreta na migração e aproximação destes animais com as áreas urbanas e os seres humanos. Conforme o médico veterinário, cada vez mais as moradias são construídas próximas à mata e, consequentemente, a estes animais. Desta forma, eles acabam buscando alimentos na presença de seres humanos. No caso dos quatis da região Sul, a escassez de comida fez com que os bichinhos saíssem da mata e invadissem os terrenos vizinhos.
Há risco de contrair doenças?
Em se tratando de animais silvestres, há a chance de adquirir zoonoses – as doenças que são transmitidas por estes bichos. Eles podem transmitir aos seres humanos e vice-versa, enfermidades como raiva ou tuberculose, por exemplo. Lembrando que, neste momento, o animal não é o vilão, mas sim a vítima desta perda de habitat. A conduta principal é evitar o contato e as doenças.
Telefones úteis:
– Polícia Militar Ambiental: (47) 3481-2121
– Sama: (47) 3433-2230 | email: sama.gab@joinville.sc.gov.br
Sobre os quatis
Os mamíferos passam a maior parte do tempo em árvores, especialmente à noite. Eles podem atingir os 15 anos de idade e formam grupos que podem chegar a 20 indivíduos. O peso desses animais pode variar de 3,5 a seis quilos. Quando não estão no período reprodutivo, eles costumam viver solitariamente. Na maior parte do tempo, os quatis buscam alimentos, em sua maioria frutas. Quando há escassez, se alimentam de outros animais, como aves, insetos, vermes, larvas e minhocas.