A Polícia Civil espera reduzir furto e roubo de veículos em alguns dos principais bairros de classe média de Porto Alegre. Isso porque a Operação Santa Fé prendeu, nesta sexta-feira pela manhã, pelo menos 26 suspeitos de integrarem uma quadrilha que seria responsável pelo roubo de cerca de 150 carros na Capital e na Região Metropolitana em apenas seis meses.
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A polícia garante que o índice de criminalidade nesses casos já diminuiu no segundo trimestre do ano, conforme havia prometido após a Operação Bad Boy, deflagrada em abril. Consultadas por Zero Hora, porém, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil não informaram dados que comprovem a afirmação.
O grupo roubava automóveis de luxo, como Ford Edge, Chevrolet Cruze, caminhonetes Santa Fe – que deu nome à ação -, Tucson e Hilux, além de Porsche e Mercedes, entre outros. Conforme a polícia, cerca de 40 pessoas estariam relacionadas com a quadrilha, baseada em Sapucaia do Sul e com ramificações em toda a Região Metropolitana. Em uma das prisões, policiais flagraram uma mensagem de celular em que o interlocutor tenta negociar uma pistola.
Delegado projeta redução de 30% nos crimes
Após seis meses de investigação, a operação comandada pela Delegacia de Furto e Roubo de Veículos (DFRV) vinculada ao Departamento de Polícia Metropolitana (DPM) mobilizou 500 policiais em 12 cidades gaúchas. Nos 80 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça, foram recolhidas drogas, carros e placas clonadas. De acordo com o delegado Thiago Almeida Lacerda, vítimas reconheceram os suspeitos dos roubos.
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– Conseguimos desbaratar uma das maiores quadrilhas do Estado. Esperamos que o índice de roubo de veículos caia em torno de 30% em Porto Alegre – ressalta Lacerda.
Depois de roubados – os ladrões recebiam entre R$ 3 mil e R$ 10 mil por carro -, os veículos tinham três destinações: desmanche, clonagem ou eram remetidos a outros Estados, principalmente Santa Catarina. Durante a operação, um Focus roubado em São Paulo foi recuperado.
Em vídeo, saiba mais sobre a operação:
Presos lideravam ladrões nas ruas
As ordens para o roubo de carros em bairros de Porto Alegre como Moinhos de Vento, Petrópolis e Higienópolis partiam de detentos do Central, Penitenciária Modulada de Charqueadas e Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ). Por meio de telefonemas e informações repassadas durante as visitas de parentes, detentos encaminhavam demandas a seus subordinados.
– Esses presos atuavam na negociação e receptação dos veículos. Não existia um líder específico (na quadrilha), mas indivíduos com poder de articulação e fornecimento de armamentos. Um deles já havia sido preso portando um fuzil AK-47 – conta o delegado Thiago Almeida Lacerda.
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Pelo menos sete suspeitos de participar do bando foram alvo de mandados mesmo já cumprindo pena em presídios. Outros três que estavam no semiaberto também integrariam o grupo criminoso.
– São pessoas que têm experiência nas explosões a bancos e, agora, passaram a atuar com roubo de carros – explica o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Antônio Vicente Nunes.
Organização profissional
A geografia: os mandados de busca e apreensão e de prisão foram cumpridos em Porto Alegre, Canoas, Esteio, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Portão, Campo Bom, Nova Hartz, Cachoeirinha, Charqueadas e Osório.
A atuação: as ordens partiam do Presídio Central e de duas penitenciárias Estadual do Jacuí e Modulada de Charqueadas. Os assaltantes roubavam carros de luxo em bairros de classe média-alta de Porto Alegre – Petrópolis, Higienópolis, Moinhos de Vento, Mont’Serrat, São Geraldo, Floresta e outros. Em somente um fim de semana, sete carros foram roubados. Atuavam durante a madrugada. Por volta das 5h30min, começavam a se mobilizar para abordar os motoristas na saída para o trabalho. Os veículos seguiam para desmanche, clonagem ou eram remetidos para outros Estados.
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Mercado do crime: também adquiriam carros em leilões, por um preço mais baixo, e depois tiravam de circulação um modelo idêntico. Substituíam os chassis e revendiam aquele roubado por até R$ 70 mil.
Os cinco principais integrantes da quadrilha:
– Robinson Teixeira dos Santos, o Robinho – foragido
– Eduardo Viegas Maciel, o Gago – elo de ligação da quadrilha dentro da PEJ (Charqueadas)
– Júlio César Oliveira, o Seco Júlio – praticou diversos roubos, fornecia armas, equipamentos e arregimentava pessoas para cometer crimes – segue foragido
– Tiago Flores Pereira, o Ben 10 – possui mais de cem anos de condenação por diversos crimes, seria chefe de galeria no Presídio Central
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– Fábio Rode Oliveira, o Docinho – preso no Presídio Central por assaltado a banco