O Armário Coletivo, espaço de troca onde a comunidade é convidada a deixar alguma peça de roupa, calçado ou acessório que não utiliza mais e pegar outra ali depositada sem a necessidade de cobrir qualquer custo, será reinaugurado no Canto da Lagoa, em Florianópolis. A realocação acontece depois que grupos da Lagoa da Conceição pediram a retirada da estrutura devido a um suposto mau uso por moradores em situação de rua no entorno da Praça Pio XII. A instalação em frente à Associação dos Moradores do Canto da Lagoa (Amocanto), que está localizada no início da rua Laurindo Januário da Silveira, acontecerá às 15h do próximo sábado, 14.

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Dada a proximidade da data com o Dia das Crianças, a população está convidada a levar brinquedos infantis para doação.

— Nesses três anos de iniciativa, muitas lutas e desafios foram enfrentados e temos a consciência de que muitos outros virão para nos ajudar a crescer e se desenvolver como um movimento ainda mais forte e com propósitos cada vez mais efetivos. Entendemos que os conceitos trazidos pelas economias compartilhada e colaborativa ainda encontram dificuldades de ser compreendidas por aqueles que, por falta de conhecimento e empatia, não conseguem entender nosso real propósito — reflete a organização do Armário Coletivo em uma publicação nas redes sociais.

Entenda a polêmica

Presente em outros sete bairros da capital catarinense, o Armário Coletivo da Lagoa da Conceição foi instalado inicialmente ao lado da ponte que leva à Avenida das Rendeiras. Parte da população do bairro, como a Associação dos Moradores da Lagoa da Conceição, questionava a localidade. Segundo essas pessoas, moradores em situação de rua estariam utilizando o armário de “maneira errada”, como trocando as roupas ali depositadas no meio da rua ou queimando e vendendo as peças.

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A organização do Armário Coletivo, por sua vez, disse estar ciente da situação. Também acrescentou que as ocorrências eram pontuais.

— O que acontece é que são pessoas vulneráveis, que têm acesso a drogas e também a álcool, porque os comerciantes não deixam de vender bebida, né? Às vezes, eles estão fora de si. Vão ali e trocam de roupa na frente do armário, usaram algumas roupas para fazer tipo um colchãozinho para dormir, usaram para se limpar. É um assunto muito complexo para a gente que nunca viveu isso, por mais que haja empatia — disse a responsável pelo projeto, Carina Zagonel, no final de setembro.