– É hora de agir.
Há pouco mais de quatro meses, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, resumiu com a frase acima o cenário sombrio que se desenhava dos preparativos para a Olimpíada de 2016. Hoje, faltando exatos dois anos para a cerimônia de abertura, o discurso mudou.
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Foi em abril, quando representantes de 17 federações esportivas e dirigentes do COI se reuniram na Turquia, que o atraso das obras do Rio virou assunto internacional. De lá, vieram as cobranças fortes endossadas por Bach e seus parceiros de diretoria.
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– Eu acho que esta é uma situação pior do que Atenas (em 2004). A partir das minhas experiências, é a pior que já tive – detonou o vice-presidente do COI, John Coates.
Houve quem defendesse a necessidade de uma sede alternativa para os Jogos. Falou-se em um retorno a Londres, o que permitiria a utilização das instalações de 2012. Era o auge da crise, momento em que o Comitê determinou uma série de ações para controlar de perto o andamento dos trabalhos.
Uma delas foi o aumento da frequência das viagens ao Brasil do diretor-executivo Gilbert Felli. O suíço, uma espécie de Jérôme Valcke do COI, aumentou a vigília às obras para assegurar que fiquem prontas no prazo. Com as visitas, o tom das cobranças baixou.
– O Brasil vai conseguir realizar bons Jogos e por vários motivos. Acompanhei o andamento dos projetos de infraestrutura, transporte e hotel com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e tudo está bem. O trabalho desenvolvido pelo Comitê Organizador também – disse Felli em entrevista coletiva no Rio.
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– Vim para dar confiança às partes interessadas. A minha tarefa era a de oferecer experiência, oferecer atalhos para a resolução de problemas. E tenho a certeza de que o Rio fará grandes Jogos – completou.
Ainda que a lavagem pública de roupa suja tenha cessado, é fato que os prazos para conclusão de algumas obras deixa margem de erro mínima aos organizadores. A situação mais preocupante, de longe, é a do Complexo Esportivo de Deodoro.
Cerca de 60% das estruturas que fazem parte do local foram construídas para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Mundiais Militares de 2011, mas a última das licitações para erguer o restante das instalações só saiu no final de junho. A previsão de término, de acordo com a Empresa Olímpica Municipal do Rio, é para o primeiro trimestre de 2016. Ou seja, praticamente não haverá margem para atraso.
Os organizadores também correm para não repetir episódios como o da semana passada, quando velejadores que se preparavam para um evento-teste na Baía de Guanabara reclamaram da poluição. Houve quem encontrasse mesa de jantar e cachorro morto flutuando em uma das cinco raias que servirão de sede para a vela olímpica. Uma obra projetada para desviar o curso da água e tratá-la está em andamento. Espera-se que esteja pronta no fim de 2015.
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Mesmo que a Copa tenha mostrado a capacidade brasileira de contrariar expectativas e deixar tudo pronto, ainda que às vésperas de um grande evento, Felli alerta:
– O sucesso da Copa do Mundo não quer dizer que, por isso, é possível fazer os Jogos. Os Jogos são muito mais complicados. No Rio, por exemplo, foram sete partidas de futebol em um mês. Você leva as pessoas ao Maracanã e acabou. Na Olimpíada, você terá, todos os dias, 40 eventos acontecendo, como 45 campeonatos mundiais ao mesmo tempo, na mesma cidade. O trânsito, a organização, a estrutura, são muito mais complicados.
Os Jogos de 2016 serão realizados em quatro regiões do Rio: Barra da Tijuca, Deodoro, Copacabana/Flamengo e Maracanã
BARRA DA TIJUCA
Parque Olímpico
Considerado o coração dos Jogos. Ocupará uma área de 1,18 milhão de metros quadrados onde ocorrerão disputas de 16 modalidades (basquete, ciclismo de pista, ginástica artística, ginástica de trampolim, ginástica rítmica, handebol, judô, luta greco-romana, luta livre, nado sincronizado, natação, polo aquático, saltos ornamentais, taekwondo, esgrima e tênis)
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Três pavilhões esportivos
Situação atual – As obras estão em fase final de fundação e montagem de pilares. As paredes e as primeiras lajes do pavilhão 3 já estão sendo construídas e avançam na concretagem do piso da quadra esportiva
Previsão de conclusão – Terceiro trimestre de 2015
Centro de Tênis
Situação atual – As fundações estão em fase de conclusão. Já é possível ver os primeiros pilares
Previsão de conclusão – Quarto trimestre de 2015
Velódromo
Situação atual – As obras estão em fase de fundação
Previsão de conclusão – Quarto trimestre de 2015
Arena de Handebol
Situação atual – A fase de fundação está em estágio avançado, com a cravação de estacas metálicas
Previsão de conclusão – Quarto trimestre de 2015
Centro Aquático
Situação atual – As obras estão em fase de fundação e marcação da localização das estacas
Previsão de conclusão – Primeiro trimestre de 2016
Parque Aquático Maria Lenk
Situação atual – A instalação está pronta, necessitando apenas de adaptações que vão começar no quarto trimestre de 2014.
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Arena Rio
Situação atual – A instalação está pronta, necessitando apenas de adaptações, que vão começar no terceiro trimestre de 2014.
Previsão de conclusão – terceiro trimestre de 2015
Campo de Golfe
As obras começaram em 2013 e estão dentro do cronograma. O plantio da grama começou em maio e estará concluído em novembro.
Previsão de conclusão – Segundo semestre de 2015.
Riocentro
O local está pronto e, em 2015, receberá instalações complementares para se adequar às competições.
DEODORO
Apesar de já ter 60% das áreas de competição permanentes construídas (recebeu os Jogos Pan-americanos de 2007 e os Jogos Mundiais Militares de 2011, é o complexo olímpico que mais preocupa. Só em julho foram iniciadas as obras. O local será sede de 11 modalidades olímpicas, entre elas hipismo, tiro esportivo e canoagem. A conclusão das instalações estão previstas para o primeiro trimestre de 2016.
COPACABANA
A Marina da Glória foi a primeira instalação a ser testada para os Jogos, regata internacional de vela no último fim de semana. Alguns velejadores reclamaram da poluição, mas representantes do Comitê Rio-2016 comunicaram que a qualidade da água havia sido comprovada.
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REGIÃO DO MARACANÃ
O sambódromo será local da largada e chegada da maratona e do tiro com arco. A reforma foi realizada em fevereiro de 2012. A ampliação do Estádio João Havelange preocupa. No primeiro semestre de 2016, o palco das provas de atletismo aumentará a capacidade de 45 mil para 60 mil lugares.