Após pedido de reintegração de posse, estudantes permanecem ocupados no prédio da Udesc

Após duas noites de ocupação no prédio da reitoria da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Florianópolis, cerca de 20 estudantes permanecem acampados no local na manhã desta quinta-feira. A ação do movimento segue mesmo após uma liminar da Justiça que determinou a desocupação do prédio na tarde de ontem. A ação, que teve início no fim da tarde desta terça-feira, se uniu ao movimento nacional contra a PEC 241 e cortes nos gastos da educação.

Ontem, após receberem a intimação judicial movida pela própria Universidade, os estudantes abriram as portas do hall da reitoria e permitiram a entrada dos funcionários. Segundo os servidores da Udesc, na manhã desta quarta-feira os estudantes teriam impedido a entrada dos servidores no prédio e houve um princípio de confusão.

Também na manhã de ontem, o grupo ocupou a Rádio Educativa Udesc FM 100,1, e os profissionais da emissora foram proibidos trabalhar. De acordo com uma nota emitida pela Udesc, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi informada do ocorrido e, em resposta à universidade, orientou a retirada da rádio do ar.

De acordo com o coordenador da rádio, Paulo Roberto Santhias, a rádio segue desativada até que os estudantes desocupem a sala onde funciona a estrutura da Udesc FM. A Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert) também emitiu uma nota em que repudiava a ação do movimento.

Em uma publicação nas redes sociais, a página “Udesc Ocupada” afirmou que a reitoria teria interrompido o fornecimento de energia elétrica e sinal de internet do prédio ocupado já na manhã de ontem. O grupo também afirmou que tentou contato com os membros da reitoria e enfatizou que seguem “organizados e em diálogo com outras ocupações e assessorados juridicamente”.

Por meio da assessoria de comunicação, a Udesc informou que realizou um Boletim de Ocorrência por conta do bloqueio da transmissão da rádio. Além disso, durante esta quinta-feira, as negociação para a saída dos alunos devem continuar.

Confira a íntegra da nota publicada pelo Movimento Udesc Ocupada

“No dia 25 de outubro de 2016, nós estudantes do Campus I ocupamos a reitoria da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), por tempo indeterminado. Visando uma integração nacional as mais de mil ocupações pelo Brasil, incluindo mais de 10 instituições educacionais em Santa Catarina, lutamos contra a PEC 241, a MP 746, a lei da mordaça e todos os retrocessos que estão sendo implementados pelo governo golpista de Michel Temer.

Na primeira assembleia realizada foi determinado que os funcionários terceirizados da UDESC poderiam trabalhar normalmente, por não possuírem vinculo direto com a UDESC e por não terem seus direitos trabalhistas garantidos quanto às paralisações. Igualmente, admitimos que os servidores técnicos realizassem suas funções administrativas e financeiras urgentes. Em conversa com a reitoria, no qual tentamos estabelecer um diálogo, nos foi garantida a não criminalização do movimento, no entanto nossas propostas não foram aceitas e não foi aberto espaço para possíveis negociações. A mesma exigiu a continuidade de todas as atividades mesmo com o espaço sendo ocupado.

A Rádio Udesc, localizada na reitoria, foi ocupada nesta manhã pelos estudantes, com a intenção de informar a população sobre as pautas e agenda das atividades da ocupação. Na tentativa de desmobilização e boicote do movimento foi cortada a energia elétrica do local, e impedida a utilização da radio como meio de comunicação. Repudiamos essa ação autoritária e afirmamos a legitimidade de utilização desse meio de comunicação garantindo a democracia e o diálogo com a comunidade acadêmica e externa da universidade.

Mesmo com todas as tentativas de negociação, na tarde de hoje 26 de novembro de 2016, em mais uma tentativa de repressão do movimento recebemos do pró-reitor de extensão Fábio Napoleão o termo de reintegração de posse imediata do espaço, sob ameaça de criminalização e multa de 5 mil reais para cada estudante que permanecesse ocupado. Ação essa que consideramos repressora e arbitrária.

A nossa luta defende os direitos de todas as trabalhadoras e trabalhadores, bem como estudantes, não apenas da UDESC, mas da sociedade como um todo. Mobilizados estudantes e trabalhadores de todo o Brasil têm se articulado em ocupações e manifestações públicas com o intuito de barrar os retrocessos, garantindo os direito historicamente adquiridos e avançar nas conquistas sociais.

Continuaremos em luta em busca de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática. Para isso, solicitamos o apoio da comunidade acadêmica, bem como técnicos professores e demais setores da sociedade. Não aceitaremos nenhum direito a menos, contra o sucateamento dos serviços públicos e as privatizações e os retrocessos na educação. Estudantes em luta!”