Depois de o Banco Central (BC) cortar mais uma vez a taxa básica de juro (Selic), chegou o momento de os brasileiros recalcularem seus investimentos. A redução do índice de 8,5% para 8% ao ano, anunciada na quarta-feira, diminui o rendimento da renda fixa.
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Com variações atreladas à taxa Selic, opções como Tesouro Direto, fundos de renda fixa e CDB passaram a render menos. A poupança, habitual refúgio dos investidores em épocas de incertezas econômicas ou juros em queda, também ficou menos interessante desde que o governo travou os ganhos em 70% da Selic, mais Taxa Referencial (TR), quando o juro básico for menor ou igual a 8,5%.
Além de se depararem com rendimento menor na renda fixa, ainda há a crise internacional, que aumenta o risco dos aportes em renda variável e em investimentos atrelados a dívidas de empresas, diz Samy Dana, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo. Segundo o especialista, o Tesouro Direto é a opção mais vantajosa neste cenário.
– O Tesouro Direto tem baixíssimo risco e implica taxas de negociação muito baixas, cerca de 0,1%, além de taxa de custódia. São mais vantajosas do que os fundos, por exemplo, em que as taxas de administração cobradas pelos bancos ficam entre 1,5% e 2,5% – explica Dana.
Para que o Tesouro Direto seja mais vantajoso do que a caderneta, é preciso que o poupador mantenha seu dinheiro investido por mais de seis meses, período no qual o Imposto de Renda cairá de 22,5% para pelo menos 20%. Em algumas situações, CDB e renda fixa podem superar o Tesouro Direto em rentabilidade.
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De acordo com especialistas, o CDB precisaria render pelo menos 94% do CDI para ser vantajoso em relação à poupança e ao Tesouro Direto, enquanto os fundos precisariam ter taxas de administração abaixo de 0,5% ao ano. Entretanto, essas opções geralmente são oferecidas apenas para quem tem grandes volumes para investir.
– É preciso conhecer o rendimento líquido de cada tipo de investimento para saber qual a melhor opção – explica Alcides Leite.
Vale lembrar que o dinheiro depositado na caderneta de poupança antes de 30 de maio continua sendo remunerado conforme a regra antiga, com juro de 0,5% ao mês mais TR. Portanto, no atual momento, é considerada boa opção de ser mantida, de acordo com Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. Para os novos poupadores, entretanto, a situação é menos confortável.
– A redução da Selic joga um pouco mais para baixo o rendimento dos investimentos mais procurados pelos brasileiros – resume José Dutra Vieira Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil e professor de matemática financeira do Insper em São Paulo.
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Confira as simulações de rendimento de diversas aplicações de renda fixa com a taxa Selic a 8% ao ano: