O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) procurou tranquilizar os consumidores e garantiu que o leite gaúcho, na maioria, é de qualidade. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, representantes do órgão confirmaram que houve fraude nos produtos das cooperativas Piá e Santa Clara, com a detecção de álcool etílico para mascarar a adição de água no produto, mas que o caso seria isolado e que as empresas já apresentaram ações de melhorias.

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Segundo o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa)do Mapa, Leandro Feijó, 97,4% das análises do leite produzido no Rio Grande do Sul têm índice de conformidade.

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Promotor acredita que fraudadores são produtores ou transportadores

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– Nessas poucas que não estão, o Mapa investiga, interdita o estabelecimento e retira o produto das prateleiras. Assim foi feito no caso das cooperativas gaúchas – informou Feijó.

Ainda segundo ele, a média de aprovação gaúcha é maior que a nacional, que é de 96,2%. No entanto, o índice é sobre leite UHT, pausteurizado e em pó, no produto final. As análises que foram detectadas com irregularidade foram sobre leite cru das cooperativas, ou seja, antes de chegar à indústria.

Por isso, Feijó admite que é preciso melhorar o controle de qualidade pelas indústrias, que são as responsáveis por permitir ou não que o produto siga para ser processado e levado ao consumidor. O papel do governo é fiscalizar e, em último caso, fechar os estabelecimentos irregulares.

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O Mapa também anunciou que o processo de fiscalização do governo vai ser agilizado por meio da informatização do sistema, desde o pedido da análise até o envio do resultado. Já que, no caso da fraude nas cooperativas, o resultado que apontou presença de álcool demorou 15 dias para ser divulgado e o leite pausteurizado produzido pela Santa Clara, por exemplo, já havia perdido o prazo de validade e foi consumido.

Com o investimento, que já obteve liberação de recursos e deve estar implementado até o início de 2015, o exame que testa a presença de álcool, que hoje demora cerca de 10 dias e pode chegar a até duas semanas, deve cair pela metade ou até menos, dependendo do método utilizado.

Ainda segundo Feijó, Piá e Santa Clara já entregaram seus planos de ação, que envolvem principalmente a melhorias das análises laboratoriais, e que o trabalho do Mapa, agora, é monitorar para saber se eles estão sendo cumpridos.

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PRODUTOR SUSPEITO JÁ FOI DESLIGADO DE COOPERATIVA

Secretário substituto de Defesa Agropecuária, Marcos Valadão revelou que uma das cooperativas, sem dizer qual delas, já detectou produtor que teria adicionado álcool ao leite e que ele foi desligado.

A investigação de quem são os fraudadores é responsabilidade do Ministério Público. Ao Mapa cabe a punição administrativa, cuja multa máxima é de R$ 15,6 mil e que deve ser a aplicada à Piá e à Santa Clara. No entanto, um termo de cooperação foi estabelecido entre os órgãos após as revelações da Operação Leite Compen$ado.

Em audiências individuais no MP na última sexta-feira, a Cooperativa Agropecuária Petrópolis (Piá), de Nova Petrópolis, e a cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa, garantiram que não há álcool no leite in natura ou no produto final das empresas, vendido aos consumidores e apresentaram documentos com testes que comprovariam a qualidade.

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Ao final das reuniões, o promotor de Defesa do Consumidor, Alcindo Bastos, que coordena as investigações, defendeu que há fraude, numa variação daquelas que a Operação Leite Compen$ado apurou, mas com o mesmo objetivo: aumentar o lucro. Para Bastos, as adulterações estariam sendo feitas por produtores e/ou transportadores, sendo as cooperativas responsáveis por suposta falha no controle de qualidade.