O Líbano está seis horas à frente do Brasil. Por isso, a comunidade libanesa em Santa Catarina viveu uma tarde de angústia nesta terça-feira (4) em busca de notícias dos familiares que estão em Beirute, capital do país, onde uma explosão deixou dezenas de mortos e centenas de feridos. Foi esse sentimento que mobilizou a família de Elias Boabaid, responsável por um restaurante na Praia do Campeche, Sul da Ilha, em Florianópolis.
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– Não tiramos os olhos da TV desde que soubemos da explosão. Tenho dois irmãos lá e outros parentes – conta o comerciante que mora com a esposa síria, Angela, dois filhos e a sogra, também síria.
Elias nasceu em Zahle, considerada pela Unesco como “cidade criativa” na área da gastronomia. Vive há 20 anos no Brasil – há nove, em Florianópolis. Tem proximidade com o presidente atual, Michel Aoun, com que foi fotografo na primeira eleição, em 2008, e está muito preocupado com a tragédia.
Por volta das 18h, horário do Brasil, ele ficou mais aliviado. Conseguiu falar com os irmãos e soube que estavam bem, distantes 40 quilômetros de Beirute. Mas continuava preocupado com os parentes que moram ou trabalham mais próximos da área portuária atingida pela explosão devastadora.
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A comunicação está parcialmente cortada, mas Boabaid foi informado de que os primos tiveram ferimentos leves e as casas sofreram avarias. Porém, as imagens que chegam pelo celular assustam o comerciante libanês:
– Beirute já era, acabou a cidade. Triste de ver tanta destruição e até agora sem sabermos o motivo – declarou Boabaid, que como todo mundo aguarda uma explicação para o ocorrido.
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“Nem na guerra se viu algo tão crítico”
Outro comerciante, Carlos Tarraf, também está preocupado. O hotel onde mora a irmã dele, Carla, foi atingido. A moça, que é paranaense e que há seis anos trabalha em Beirute, precisou deixar a cidade e foi para a região das montanhas.
– Assim que aconteceu a explosão a gente conseguiu se comunicar. Ela contou que não tinha como ficar e iria para um lugar mais seguro – conta o responsável pelo Al Amir Culinária Árabe.
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Os pais de Carlos são libaneses e residem no Paraná. Mas, por causa da pandemia, estão morando com ele em Florianópolis.
– Temos muitos parentes em Beirute e estamos todos preocupados. Numa das mensagens, uma prima explicou que a situação é terrível. Nem em 2006, na guerra, se viu algo tão crítico – diz Tarraf.
A situação no Líbano
Em plena pandemia, o Líbano vive um momento muito difícil economicamente. O país sofre com a falta de energia e muitos libaneses têm deixado o lugar em busca de melhores oportunidades. O Brasil sempre foi um dos destinos procurados.
Os intensos processos migratórios fixaram de 7 a 11 milhões de libaneses e descendentes no Brasil. Enquanto isso, a população do Líbano é de 6,8 milhões de pessoas, ou seja, menos do que a população de Santa Catarina, estimada em 7,2 milhões.
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> Fragata brasileira saiu do porto de Beirute horas antes da explosão
A maioria, que originalmente fugiu da denominação do Império Turco Otomano, se dedica ao comércio, indústria, medicina, política. Muitas empresas do Estado são bem conhecidas no mundo árabe, como os grandes frigoríficos do Oeste que exportam carne de frango. Também as fabricantes de revestimentos cerâmicos, como Portobello e Eliane estão presentes na região.
Veja imagem da explosão em Beirute nesta terça-feira:
Footage from the massive explosion in Beirut Port, Lebanon pic.twitter.com/bdvzrS05Qf
— Beirut Today (@bey_today) August 4, 2020