Após escapar de um afogamento, capotar o carro e sofrer um infarto, Francisco Cassiano Corrêa, de 66 anos, não teve a mesma sorte enquanto atravessava na faixa de segurança no Centro de Florianópolis no último dia 23. Como que por ironia do destino foi atingido por uma simples motocicleta e faleceu.
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Seu Chico, como era conhecido o alfaiate, passou por situações que podiam ter interrompido sua vida mais cedo. Em 2002, durante um mergulho na Praia de Naufragados, foi surpreendido por uma maré vazante e não conseguiu voltar à praia.
Na tentativa de sobreviver, o alfaiate nadou a favor da maré durante cerca de 12 horas. Depois de lutar com o mar e com muita dificuldade subir nas pedras na Ilha dos Corais, Seu Chico adormeceu. Na manhã seguinte foi encontrado por pescadores, que o levaram de volta a Naufragados, onde a família esperava ansiosa.
Em fevereiro de 2009, vai a segunda vida de Seu Chico. Ele sobreviveu a outro acidente, desta vez de carro, no Sul da Ilha. No fi nal do dia, após o trabalho, resolveu ir ao Centro de Florianópolis para ver o Carnaval, mas antes de chegar à festa decidiu retornar, pois estava cansado.
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Quase em casa, capotou o carro
Quase em casa, na Costeira, Chico adormeceu ao volante e capotou o carro. Teve uma fratura no braço esquerdo e passou por uma cirurgia. Três anos depois, o alfaiate lutou pela vida novamente.
Em maio de 2013, uma veia entupida fez o Seu Chico enfartar, tendo que fazer uma angioplastia às pressas. Ele se recuperou. Porém, no início da tarde do último dia 23, não teve a mesma sorte.
Ele foi até o Centro com a esposa e ao atravessar a rua foi atingido por um motociclista. O acidente foi numa faixa de segurança, na Rua Padre Roma. Ele caiu e bateu a cabeça. A esposa, que esperava pelo marido no carro, soube do acontecido por uma ligação do Hospital Celso Ramos no celular da vítima, que fi cou no veículo.
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– Como era do feitio dele, lutou pela vida – diz a irmã Stela Elvira Corrêa, se referindo às 15 horas em coma. Seu Chico faleceu na manhã do dia 24.
Surpresos com o acontecido
A irmã dele, Stela, conta que todos ficaram surpresos com o que aconteceu. Afi nal, Seu Chico passou por todo o tipo de provação. A história do sobrevivente virou até trabalho de conclusão de curso em 2011, de tanta sorte que Seu Chico tinha. Mas, ninguém é de ferro, né?
– Chegou a hora dele – diz a irmã.
Seu Chico era alfaiate há mais de 50 anos e tinha uma loja no Edifício Dias Velho. Stela conta que o irmão adorava estar com amigos, com a família e em contato com natureza. Era bastante comunicativo e gostava de viver a vida. Muito exigente em tudo o que fazia, começou a aprender a profissão de alfaiate quando ainda era pequeno, com um máquina de pedal.
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Contava muitas histórias
A irmã diz que o admirava muito, pois era inteligente e tinha uma filosofia de vida que valorizava a sintonia das pessoas. O alfaiate foi o segundo de nove irmãos. Deixa a esposa, Terezinha, e três filhos.