A falta de detalhes a respeito da identificação da ossada de Leandro Bossi intrigou familiares do menino. Desparecido desde 1992 em Guaratuba, no Litoral do Paraná, a Secretaria de Segurança Pública informou nesta sexta-feira (10) que identificou o material genético da criança em uma ossada. As informações são do g1.

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Segundo Lucas Bossi, irmão da vítima, a família não sabe onde a ossada analisada foi encontrada. Conforme o governo estadual, ela teve resultado positivo após ser comparada com o material genético da mãe de Leandro. 

O irmão dele disse, ainda, que a informação na qual teve acesso é de que o exame de DNA foi feito em uma ossada em 1993, um ano depois do desaparecimento. Na época, a resposta foi de que ela era do corpo de uma menina. 

Porém, nesta sexta-feira (10), o secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita, afirmou que a confirmação da identidade ocorreu a partir do envio de oito amostras da ossada. Porém, ele não detalhou a origem e a data da análise. 

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Ainda de acordo com o governo, as amostras estavam armazenadas na sede da Polícia Científica e foram enviadas para um laboratório de genética da Polícia Federal, em Brasília. 

Lucas, porém, alega que a explicação do governo é confusa e indaga se a ossada analisada é a mesma encontrada pouco tempo depois do desaparecimento do irmão. 

— Fiquei muito confuso por eles não saberem apontar se a ossada que bateu com o DNA era aquela ossada encontrada lá [1993]. E eu acho que eles nos deviam essa comprovação […] Foi feito o exame de DNA na época, na ossada, e foi dado uma certa certeza de que era menina. Existem essas questões de certeza no exame de DNA. A minha pergunta é o que me impediria agora de desacreditar este exame de DNA? — disse em entrevista ao g1. 

Ele diz, ainda, que o anúncio trouxe mais dúvidas que respostas à família: 

— Na coletiva foi dito que o caso está arquivado na Promotoria de Guaratuba. Nem isso eu sabia […] Não sei até que ponto vai a investigação do que então a gente pode dizer ‘assassinato do meu irmão’ […] Ele saiu do cartaz de crianças desaparecidas, mas agora ele é atualizado como uma criança assassinada. 

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Por fim, o irmão de Leandro alega que não teve informações sobre as circunstâncias da morte como, por exemplo, quem foi o autor do assassinato. 

— O sentimento é de privação da verdade. E parece que agora é pior ainda, porque agora vamos ser condicionados a acreditar que ele está morto. Mas agora alguém vai nos auxiliar pra tentar descobrir o que aconteceu? […] Agora se eles afirmam que Leandro Bossi está morto, a minha pergunta vai perdurar, custe o que custar, é quem matou — complementa. 

Governo alega 99,9% de compatibilidade 

Durante a coletiva de imprensa a respeito da identificação, nesta sexta-feira, o coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica, Marcelo Malaghini, alegou que o material compatível com o DNA da mãe de Leandro passou por uma análise inicial, mas por não obter um resultado positivo, foi enviado para uma nova metodologia de pesquisa. 

No entanto, ele não explicou quando aconteceu as duas análises. 

— A metodologia que submetemos não obteve DNA viável, perfil genético viável, das amostras que foram pesquisadas. A seguir elas foram encaminhadas para a análise de DNA mitocondrial, uma técnica muito mais sensível, que permite a detecção mesmo em amostras muito limitantes e degradadas, como se trata do caso em questão — explica. 

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Já o secretário de Segurança Pública alegou que as ossadas foram comparadas com o material genético de três mães e, em relação a de Leandro, ela obteve 99,9% de compatibilidade. 

Segundo Lucas, o material genético da família foi coletado no ano passado. Ele também lamentou o fato do pai, João Bossi, não estar vivo para acompanhar a situação. 

— Então há 30 anos meu pai poderia ter enterrado o Leandro? Ter tido outra vida, quem sabe… Todos nós poderíamos ter tido outras vidas. Tudo se dá a partir de alguma outra coisa. Eu acho que foi uma grande privação da verdade […] É bem complicado. Quando meu pai faleceu ano passado, inclusive, no atestado de óbito dele, consta que ele deixou o filho Leandro vivo. Isso já é uma burocracia para a gente agora começar a lidar com isso — desabafa. 

Investigação foi arquivada 

O desaparecimento de Leandro ocorreu em 15 de fevereiro de 1992, quando ele tinha 7 anos, durante um show que acontecia em Guaratuba. No dia, a mãe trabalhava em um hotel da cidade e o pai era pescador. 

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Ao perceber o sumiço, a família informou à polícia, mas não foram achados vestígios e, por conta disso, o inquérito nunca foi concluído. O g1 chegou a questionar a Secretaria de Segurança Pública se ele seria reaberto, mas não teve retorno. 

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirmou, en 2022, que o processo sobre o caso foi arquivado “devido à prescrição, pois o fato ocorreu em 1992 – há mais de 20 anos, portanto, prazo máximo prescricional previsto pela lei. Ou seja, mesmo que surgissem novas provas incriminadoras, o caso não pode ser mais reaberto”.

Leandro desaparecu dois meses antes de Evandro Ramos Caetano. O caso ficou conhecido nos últimos anos após a publicação do podcast “Projeto Humanos: Caso Evandro”, que conta detalhes da investigação. 

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