Duas semanas após a Guarda Municipal começar as blitze da Lei Seca em Florianópolis, dois motoristas foram presos e dois autuados por beber e dirigir. Nas 10 operações realizadas, mais de mil pessoas foram abordadas. O diretor da Guarda, Jean Carlos Cardoso, percebe a mudança de atitude dos condutores.
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– Tivemos um bom reflexo das blitze. E a nossa intenção não é só prender, mas conscientizar, mostrar que ao beber e dirigir o condutor põe em risco a vida dele e dos outros – observa.
Cardoso diz que são feitas três fiscalizações por semana, de forma itinerante, para evitar os avisos nas redes sociais sobre os pontos de parada da Lei Seca. A Polícia Militar e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) acompanham as ações e, antes da fiscalização na madrugada, é realizada uma abordagem educativa, com entrega de panfletos e adesivos.
Para Caroline Maçaneiro, 28 anos, o público de casas noturnas aumentaria caso fossem oferecidas mais opções como estas aos clientes, além de mais ônibus e táxis nas ruas.
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Por enquanto, ela e os amigos têm buscado os próprios meios de chegar em casa com segurança. Se a turma de festeiros é grande, eles contratam uma van, por exemplo.
O serviço já foi utilizado pelos amigos cerca de 10 vezes para ir a festas, principalmente em Florianópolis e em Balneário Camboriú. O transporte, combinado sempre com antecedência, tem a comodidade e o preço como grandes atrativos a quem busca uma solução.
– Fica até mais em conta do que ir de carro, dependendo do trajeto. E facilita para todo mundo, porque ninguém tem que ficar sem beber – justifica a jovem.
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“Em alguns meses tudo estará adaptado”
Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Tarcísio Schmitt, o cumprimento da Lei Seca exigirá adaptações, tanto do público quanto das empresas. Mesmo assim, Tarcísio explica que as normas são positivas, pois já estão ajudando a aumentar a segurança no trânsito.
Diário Catarinense – Como o senhor avalia as alternativas que estão disponíveis para as pessoas que quiserem beber fora de casa?
Tarcísio Schmitt – A prefeitura não tem a obrigação de colocar ônibus ou táxis para quem quer sair para se divertir. Tem várias opções. Quem quer beber uma cerveja em um bar ou ir a uma balada, tem que combinar com os amigos de um ficar sem beber. Ou então, pegar um táxi ou uma van.
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DC – O que o senhor acha da aplicabilidade da Lei Seca?
Schmitt – A lei só traz benefícios, o prejuízo muito maior é de mortes em função da bebida alcoólica. Em um primeiro momento, a fiscalização causa espanto e preocupação, porque os pequenos bares dificilmente terão estrutura para levar o cliente, por exemplo. Chegou o momento em que cada um tem de se reprogramar para o que vai fazer, para saber como administrar isso. Mas quem pode tomar três, quatro cervejas, pode também pagar uma van para voltar para casa. Não é por isso que bares deixarão de vender. Não penso que é uma questão a ser resolvida pelo poder público, é uma questão particular.
DC – A lei pode influenciar no movimento dos bares e restaurantes na cidade?
Schmitt – Em um primeiro momento, pode afetar o movimento e ter uma queda inicial. Daqui a três meses, estará tudo adaptado. Ninguém gosta de beber cerveja em casa sozinho. As pessoas vão procurar se reprogramar.
DC – Na sua visão, existem táxis suficientes na Capital?
Schmitt – Até os taxistas terão que se reprogramar, conversar com bares no entorno. Vão surgindo mais opções. Daqui a alguns meses, vai ter propaganda de bares que oferecerão transporte gratuito.
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