Costuras por toda parte, assim pode ser descrita a casa de Claudia Lucia Pereira, que mora no bairro Paranaguamirim, em Joinville. Aos 49 anos, a aposentada por invalidez dedica seu tempo livre à produção de chapéus e toucas para pessoas que enfrentam o câncer com quimioterapia.

Continua depois da publicidade

> Acesse para receber notícias de Joinville e região pelo WhatsApp

O trabalho solidário começou justamente após ela descobrir que estava com um tumor na coluna. Diagnosticada com um câncer benigno há três anos, Claudia começou o tratamento médico em setembro de 2019. Nas primeiras consultas no Hospital São José, ela e seu marido se depararam com a vulnerabilidade das pessoas doentes, entre elas a perda do cabelo. Como ela sempre teve o hábito do artesanato, o casal teve a ideia de fazer algo para ajudar.

– Meu marido falou ‘tu faz tanto crochê, sobra tanto fio, porque tu faz não touca pra eles?’ – comenta.

E desde então, a produção não parou mais. Claudia começou a fazer poucas peças e atualmente conta com uma alta demanda de entregas. Durante esses três anos, houve uma ocasião em que ela fez 100 toucas em apenas duas semanas.

Continua depois da publicidade

Toucas no sofá
Dona Claudia confecciona toucas há três anos (Foto: Marcelo Henrique / A Notícia)

História de superação

Quando recebeu a informação do tumor na coluna, a expectativa de Claudia era de dias difíceis. Um dos efeitos do câncer foi a paralisia nas pernas, o que fez a aposentada ficar de cama.

Contudo, ela não se abateu pelas consequências da doença e decidiu, mesmo com dores, ajudar pessoas que passavam por situação semelhante.

– Eles estão para baixo, se sentindo tão mal, que eles precisam dessa injeção de ânimo, e isso não custa nada para cada um de nós – declara.

A aposentada afirma que o trabalho é gratificante e que o seu combustível está na forma com que os beneficiados enxergam o valor da solidariedade:

Continua depois da publicidade

– Quando estamos lá embaixo, nós perdemos todas as esperanças, achamos que tudo acabou, que tudo está no fim. Mas se você vê que alguém se importa, você luta, porque alguém se importou por ti.

Dilema faz artesã se emocionar

Apesar da ação solidária colocar um sorriso no rosto dos pacientes, o trabalho dela exige bastante dedicação. Ainda mais que faz praticamente tudo sozinha. Ela produz todas as confecções e também fica encarregada de entregar os chapéus aos pacientes.

A logística é complicada. Muitas vezes ela precisa transportar de ônibus as caixas pesadas com as toucas. Claudia faz entregas em quatro instituições: Hospital Infantil, Hospital São José, Rede Feminina de Joinville e Guaramirim. Geralmente, costuma fazer todas em um dia só para poupar esforço.

Outro fator que atrapalha a vida da artesã é o trajeto para entrar e sair de casa, pois precisa subir e descer as escadas de seu prédio, um percurso que machuca a sua coluna, abatida pelo tumor.

Continua depois da publicidade

Atualmente, ela continua o tratamento da doença, mas precisa ficar vigilante pois não é um tumor curável. Por isso, a orientação médica é de repouso, o contrário do que vem fazendo.

Ao lembrar de uma das visitas recentes que fez ao Hospital São José, Claudia se emocionou ao contar a recomendação do médico dela, que pediu para não se sobrecarregar. A mulher marejou os olhos em lágrimas pois ama ajudar aqueles que precisam dela, e não gostaria de parar por causa da própria saúde.

Artesã com toucas
Artesã se diz orgulhosa pelos artesanatos que faz (Foto: Marcelo Henrique / A Notícia)

Trabalho promete ficar menos pesado

Para fazer cada um dos chapéus com lã e fio, Claudia leva em torno de uma ou duas horas. Ela dedica praticamente 100% da rotina para as confecções, tanto em dias úteis quanto nos finais de semana.

– Eu começo às 6h e vou até 22h, 23h e 00h – explica.

Vale frisar que Claudia tira recursos do próprio dinheiro para costurar. A boa notícia é que ela vai receber ajuda nos custos e na produção nos próximos dias.

Continua depois da publicidade

– Montamos um clube de mães aqui na igreja do bairro, vamos começar na quarta-feira (4) – afirma.

Um dos objetivos de Claudia e as colegas é expandir os serviços de solidariedade, prestando apoio para orfanatos e asilos em Joinville.

Sob supervisão de Lucas Paraizo

Leia também:

Joinville tem troca no comando da Secretaria da Saúde

Casal sai do RS para morar em Joinville e realizar sonho da filha de ser bailarina

Atrasos e falta de médicos: pediatria vira principal dificuldade na saúde em Joinville