Após a demissão de um funcionário de um colégio agrícola de Canoinhas suspeito de assediar sexualmente uma aluna, o diretor da instituição também foi afastado do cargo na segunda-feira (9), cerca de uma semana depois. Conforme relato de professoras à reportagem do A Notícia, o gestor da escola teria tentado abafar e minimizar o caso, que é investigado pela Polícia Civil. O afastamento foi publicado pela Secretaria de Estado da Educação e vale pelo prazo de 60 dias. Neste período, ele continuará recebendo salário.
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A denúncia por parte da estudante de 15 anos aconteceu no final de setembro e, após relatar a situação, a direção registrou uma ata sobre o ocorrido. Durante a reunião, segundo uma educadora ouvida pelo AN, a jovem teria sugerido que outras meninas fossem chamadas para saber se havia mais episódios de assédio relacionados ao mesmo trabalhador, mas “o diretor se exaltou com a menina, alterou a voz e pediu pra ela cuidar do problema dela e deixar as outras de fora”.
Duas profissionais que atuam no colégio destacaram que não é a primeira vez que casos de assédio são registrados no colégio agrícola. No ano passado, um técnico agrícola terceirizado já havia sido demitido suspeito do mesmo crime, mas ele só foi desligado após “a escola pressionar” o diretor.
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Uma das professoras, que trabalha há alguns anos no local, ainda complementa que o ambiente é “bem machista e misógino” e que “parte da direção sempre trata as professoras com assédio moral”.
— A nossa credibilidade como profissional sempre é questionada, porque realmente esse ambiente aqui é bastante machista. Então, a gente tem uma quantidade bem reduzida de meninas [no colégio], este ano que vieram mais meninas — retratou.
A reportagem tentou contato com o diretor afastado, mas não teve retorno até o fechamento deste texto.
Relembre o caso
O homem que trabalhava no colégio agrícola foi demitido na semana passada. Segundo uma professora, o investigado foi contratado pela direção há cerca de dois meses e cuidava da sala de ovos do colégio agrícola, fazendo a classificação, embalagem e armazenamento dos alimentos, além da limpeza do espaço.
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Com base no relato de uma testemunha e da própria aluna, dentre outros contatos físicos impróprios, ele teria abraçado a vítima sem consentimento, além de simular ter se masturbado na frente dela.
— Foi relatado que a aluna se dirigiu pra sala nesse dia para exercer uma atividade e o funcionário a abraçou por trás. Aí ela pediu para parar, ele abraçou novamente por trás. Nesse mesmo dia, ela estava com uma dor no pulso, ele perguntou em qual deles que doía, e com qual mão que ela escrevia. Ela respondeu que era com a direita, e o homem disse “a direita é boa pra…” e fez um gesto com conotação sexual — descreve a profissional.
Uma segunda professora complementa que, na ata, consta que a jovem ainda citou que o profissional teria se escondido atrás da porta a fim de agarrá-la e, mesmo ela tendo dito “assim não, tio”, ele continuou e ainda a agarrou mais duas vezes. O relato foi confirmado por um estudante que teria testemunhado o caso.
— Ele ainda acabou batendo com uma toalha molhada na bunda dela — acrescenta.
Testemunhas estão sendo ouvidas pela polícia
O inquérito policial foi instaurado no dia 21 de setembro, um dia após a denúncia chegar à polícia. Segundo o delegado Nelson Nadal, neste primeiro momento, a polícia está colhendo depoimento de estudantes e, em seguida, deve ouvir professores da instituição e, por fim, o funcionário investigado.
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O boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar como assédio sexual, mas a tipificação do crime será definida logo após a conclusão das investigações por parte da Polícia Civil, que devem ser finalizadas até 21 de outubro.
Este funcionário, conforme uma profissional, já tinha tido passagens anteriores pelo colégio, em que os trabalhadores são contratados pelo governo do Estado e obedecem a uma cooperativa. Por nota, a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina diz que acompanha o caso e deve tomar as providências legais.
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