Após um processo seletivo para merendeira e zelador de escola da Prefeitura de Maracajá, no Sul catarinense, exigir prova física mais rigorosa que o último concurso da Polícia Militar de SC e terminar sem ninguém aprovado, o prefeito da cidade, Arlindo Rocha (Sem partido), resolveu encarar o teste para rebater as críticas. Na manhã desta sexta-feira (28), o prefeito disse ter cumprido o trajeto no tempo exigido, mas admitiu que ele era difícil demais e prometeu rever a exigência prevista na seleção.

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— A prova é realmente pesada, viu? As pessoas não vão conseguir atingir, mesmo tendo condições para exercer o cargo. Nós vamos ver isso de maneira legal, ver com o jurídico o que pode ser feito, para corrigir essa lamentável prova, que foi realmente excessiva — comentou o prefeito em entrevista à NSC TV, ainda ofegante, pouco depois da corrida.

Vestindo tênis, shorts e camiseta, Arlindo Rocha fez o percurso acompanhado do diretor de obras e do diretor de esportes da cidade. O trio começou a correr no entorno do gramado do Centro Esportivo Municipal Antônio da Rocha por volta das 9h, disposto a completar a exigência prevista na seleção para homens: que era de 2,7 km em 12 minutos – para mulheres, a prova física exigia 2,1 km no mesmo tempo. A cena inusitada foi acompanhada por populares. Alguns deles, inclusive, questionaram o resultado da ‘prova’ e afirmam que o prefeito correu 500 metros a menos que o que era exigido no processo seletivo.

prefeito de Maracajá prova de corrida
(Foto: Renata Rocha, NSC TV)

Polêmica

As provas físicas do processo seletivo para merendeira e zelador de escola da Prefeitura de Maracajá ocorreram em 17 de fevereiro, e ninguém foi aprovado. O processo previa ainda teste físico aos cargos de agente de saúde, agente de limpeza urbana, faxineira e gari.

No último concurso da Polícia Militar de Santa Catarina, os candidatos do sexo masculino tinham que correr pelo menos 2,4 km em 12 minutos, enquanto as mulheres, 1,97 km no mesmo período. As distâncias são menores que a exigida no processo seletivo em Maracajá.

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O diretor do Prodez Concursos, Estevão Huppes, analisou a prova exigida pela prefeitura. Ele disse à reportagem que estuda editais de todos os tipos de concursos e que essa é a primeira vez que se deparou com uma prova de corrida com tamanha intensidade numa seletiva municipal.

— Totalmente exagerado, está muito acima do exigido para carreiras militares, por exemplo — comentou.

Estevão também aponta que, para este tipo de prova, é necessário que os participantes apresentem documento médico comprovando que estão aptos a realizar o teste, o que ele afirma não ter sido solicitado pelo edital da seleção da Prefeitura de Maracajá.

Outro lado

Antes de o prefeito se submeter ao teste e reprová-lo, a prefeitura de Maracajá havia justificado que havia exigido a prova de esforço porque muitos funcionários não estavam demonstrando aptidão física para exercer as funções.

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— Houve muitos afastamentos, atestados médicos ao longo do ano passado em virtude de algumas pessoas terem sido aprovadas na prova do ano passado mas não conseguirem desempenhar suas funções por motivo de saúde — disse ao G1 SC a secretária de Administração Marluce Freitas.