Após assinar contrato de R$ 3,4 milhões para garantir um bufê com pratos como caviar, escargot e lagosta, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB) não engoliu as críticas.

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Diante da repercussão negativa do cardápio para o Palácio da Abolição (sede do governo), Cid ordenou a retirada de comidas “exóticas” e exigiu que só fiquem os pratos que tenham “nome em português”.

O caso veio à tona após denúncia feita pelo deputado estadual de oposição Heitor Férrer (PDT) em discurso na Assembleia Legislativa.

– Enquanto o sertão sofre com uma seca inclemente, o palácio do governo se banqueteia. O povo está morrendo, e o governador, servindo salmão com caviar – disse Férrer.

A polêmica está sendo chamada de “farra do caviar” e já resultou na organização via redes sociais de um protesto, batizado de “Cadê meu Caviar. Buchada no Palácio”, marcado para o próximo sábado.

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Isso porque no cardápio feito pela empresa Anira Serviços de Alimentos – que abastece o governo cearense desde 2010 e venceu concorrência com outras 13 empresas -, estão iguarias como escargot, lagosta e caviar. Apesar de Cid ter acusado Férrer de ser um “demagogo”, concordou que o menu precisa ser menos sofisticado.

– Se querem fazer demagogia, eu também vou fazer. Vou tirar do cardápio todas as comidas francesas, inglesas, russas e deixar somente as comidas brasileiras. Arroz, feijão, carne, frango, peixe e uma entrada – afirmou o governador.

Cid diz não ter comido “esse negócio de caviar”

Segundo o governador, o bufê só é usado quando o Estado recebe uma visita importante, como a da presidente Dilma Rousseff ou de ministros, governadores, embaixadores e representantes da Fifa, por exemplo. Ele ainda explicou que o valor do contrato, válido até a Copa de 2014, é um orçamento e, por isso, não necessariamente será usado:

– O poder público é demandado para fazer eventos. Para isso, tem que ter um fornecimento (de bufê).

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Cid, que disse nunca ter comido “esse negócio de caviar”, também frisou que a mudança no cardápio não reduzirá o custo total do contrato. O governador sugeriu que se compare os valores gastos no Ceará com outros governos:

– Se a questão é nacional peguem aí no Brasil inteiro, vamos ver todos os governos. Fica sério se o negócio for feito assim, mas dizer que só o Ceará tem isso é muito esquisito.

De acordo com a assessoria do governo cearense, os valores serão pagos conforme a demanda, e incluem também decoração, cadeiras, mesas, garçons e transporte. Embora o contrato tenha vigência de um ano, a previsão, diz o Estado, é que os valores sejam gastos em quatro anos.

De paçoca a lagosta, confira o cardápio

– No contrato firmado, há previsão de 495 pratos diferentes, e se apresenta com uma variação de receitas preparadas, por exemplo, com caviar, escargot, bacalhau, salmão, frutos do mar, toucinho do céu ou trufas.

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– O bufê, segundo o governador Cid Gomes, é usado quando o Estado recebe uma visita importante, como da presidente Dilma ou de ministros, governadores e embaixadores.

– Há opções de entrada e refeição principal. No edital, os pratos mais simples incluem tortas de frango, filés grelhados, espaguete e paçoca.

– Dentre os mais sofisticados, estão, por exemplo, bombinhas de escargot, bombinhas de salmão com caviar, pudim de lagosta ao molho de champignon, carpaccio de chester com manga e crepe de lagosta.

– A carta de bebidas inclui água de coco, água mineral, refrigerantes e sucos de frutas variadas.

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– Além da comida, o contrato inclui pessoal qualificado, decoração, fornecimento de talheres finos, taças de cristal, prataria, toalhas, transporte, armazenagem da comida e músicos, conforme a necessidade do evento.