No mesmo dia em que o jornal britânico Financial Times disse que o estilo da diplomacia brasileira pode colocar em risco a almejada vaga no Conselho de Segurança da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a política externa de seu governo. O texto assinado pelo articulista John-Paul Rathbone provocou bate-boca entre governistas e oposição no Brasil.
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Ao citar a posição brasileira com relação a Cuba e Irã, Rathbone afirmou que “gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e de seu presidente”. “A política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça”, escreveu Rathbone. Entre os episódios citados, estão a crítica de Lula à greve de fome do ativista cubano Orlando Zapata e o seu comentário sobre protestos após a eleição no Irã. Lula disse que as manifestações eram “choro de perdedores”. A oposição endossou as críticas.
– O Brasil foi parar nos holofotes, e gafes passaram a merecer visibilidade – disse o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN).
Em defesa do governo, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que o texto não condiz com a realidade. Em cerimônia de formatura de novos diplomatas no Itamaraty, em Brasília, o próprio presidente defendeu sua gestão. Afirmou que o Brasil começou a ficar importante e, quando isso acontece, gera ciúme e faz aparecer inimigos.
Ao enaltecer sua atuação em reuniões internacionais, Lula valeu-se do episódio dos sapatos descalçados pelo ex-chanceler tucano Celso Lafer ao ingressar nos Estados Unidos, em 2002, para atacar o PSDB e declarou que os brasileiros “foram induzidos” a se ver como “vira-latas”.
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– Ministro meu que tirar o sapato deixará de ser ministro – disse Lula.