A Delegacia de Homicídios de Florianópolis esclareceu nesta segunda-feira (24) a morte da transexual Jennifer Celia Henrique, de 37 anos. Em coletiva de imprensa, o delegado Eduardo Mattos informou que Dik Greisson Isidoro da Silva, morador de rua de 22 anos, confessou o crime. Ele foi preso pela PM na noite de domingo no bairro Itacorubi. Segundo o próprio depoimento do suspeito, o jovem matou a vítima a pauladas depois que os dois tiveram relações sexuais em uma obra na servidão Paraíso dos Ingleses.

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— Ele contou que após o sexo, a vítima falou para ele que gostaria de manter sempre relações sexuais com ele. Eles tiveram uma discussão breve ali e ela ameaçou de contar a relação que eles tiveram para os amigos dele. Em razão disso, ele teve a reação de golpear ela com um pedaço de pau na região do pescoço — disse o delegado.

Matos explicou que, pelo fato de os dois terem mantido relações sexuais antes do crime, foi descartada a possibilidade de crime de ódio ou transfobia. O suspeito também informou que foi a primeira vez que eles transaram e que no momento do assassinato estava sob forte efeito de crack.

Dik está detido no presídio da Agronômica e será denunciado por homicídio duplamente qualificado: motivo fútil e que impossibilitou a defesa da vítima. Eduardo Mattos também pedirá a conversão de prisão temporária em preventiva.

A Polícia Civil chegou até o suspeito após ouvir outros moradores de rua que costumam ficar próximo ao local do assassinato. Também analisou imagens de videomonitoramento que mostram Dik Greison e Jenny entrando na obra e em seguida apenas o jovem saindo. A reportagem aguarda a divulgação dessas imagens.

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Sobre o fato de terem sido encontrados dois pedaços de pau com marcas de sangue, o que levou a polícia a acreditar que duas pessoas pudessem ter matado Jenny, o delegado Matos explicou que foi o próprio Dik quem usou os as duas tábuas. No local do crime, os agentes também encontraram R$ 150 que pertenciam a Jenni, o que descartou o crime de latrocínio.

Dik Greison não tinha antecedentes criminais. Ele era natural de Criciúma e informou a polícia que trabalhava como reciclador. Após o crime, perambulou pelas ruas da Praia do Forte, Barra da Lagoa e Centro, até ser detido no Itacorubi.

Quem era Jenni

Nas redes sociais, onde a morte teve grande repercussão, amigos e familiares da vítima afirmam que o homicídio teve motivações preconceituosas, intolerantes e de transfobia. Jennifer, conhecida por todos no Norte da Ilha como Jenny, tinha forte atuação em movimentos de causas de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), além de ser muito conhecida nas regiões dos Ingleses e Santinho, onde morava com seus pais. Jenny trabalhava como revendedora de uma marca de cosméticos.