Só agora, exatos cinco anos após o Sul de Santa Catarina sofrer com o Furacão Catarina, autoridades começam a pensar em tecnologias e a tomar medidas preventivas para fenômenos meteorológicos.
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Nesta semana, reuniões nas cidades de Turvo e Criciúma com técnicos da Epagri deram o passo inicial para a instalação de estações meteorológicas a fim de se antecipar mudanças climáticas repentinas.
De acordo com o climatologista da Epagri de Urussanga, Márcio Sônego, a instalação de uma estação em Criciúma facilitará o acompanhamento do tempo na região e a previsão dos eventos extremos como vendavais, tornados, enchentes, fortes geadas e furacão.
– A estação medirá a temperatura, chuva, vento, umidade do ar, radiação solar, pressão e outros. Serão colocados ainda quatro medidores de chuva e vazão de córrego da água nos morros ao redor de Criciúma – explica Sônego.
Todo o sistema de monitoramento de tempo e clima, que será instalado na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), estará interligado via telefone celular com a central estadual Epagri/Ciram. Os dados também serão enviados para a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Famcri) e colocados à disposição do público, que terá acesso online.
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O custo de instalação é de R$ 79 mil, e o custeio de manutenção ficará sob responsabilidade da universidade, que cederá bolsistas e equipamentos complementares para o funcionamento e trabalho com os dados fornecidos.
O presidente da Famcri, Júlio Cezar Colombo, busca parcerias para a compra da estação. Ele acredita que dentro de 20 dias o orçamento do projeto será aprovado e a instalação iniciada.
Medição pluviométrica e auxílio à agricultura
No município de Turvo, que sofreu com tornado no último dia 8 de março, até a segunda quinzena do mês de abril devem ser instaladas estações com medidores pluviométricos, de temperatura, umidade do ar e molhamento foliar para auxiliar os agricultores da Bacia do Rio Araranguá.
Conforme o prefeito de Turvo, Ronaldo Carlessi, as estações deverão auxiliar os agricultores no plantio e colheita, aplicação de herbicidas e fungicidas, prevenção de pragas e doenças e manejo de aviários. A prefeitura pretende adquirir outras duas que atenderão a demanda municipal.
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Mudanças climáticas exigem mais atenção
Para os meteorologistas da Central RBS, Leandro Puchalski e Glauco Freitas, o Furacão Catarina ficou caracterizado como um evento climático extremo e de repercussão mundial, mas quase nada foi feito em relação à previsão e prevenção desses fenômenos.
Instrumentos como radares meteorológicos; aviões meteorológicos para sobrevoar o olho do furacão e através de monitoramento local determinar pressão, velocidade e deslocamento do sistema; modelos numéricos de previsão de trajetória específicos para o Brasil e bóias oceânicas ajudam a melhorar ainda mais os avisos meteorológicos para um evento extremo como esse.
Entretanto, não houve ações para isso. Apenas este ano a Marinha do Brasil em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) manifestou-se sobre a instalação de cinco bóias na costa de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
De acordo com dados da Organização Mundial Meteorológica (OMM), 89% dos desastres naturais no mundo estão relacionados aos efeitos meteorológicos.
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No Sul do Estado, a tendência até 2030 é chover 20% a mais do que atualmente nos meses de verão, e a temperatura se elevar entre 1 grau Celsius (ºC) e 2°C, aponta o climatologista Márcio Sônego, a partir do relatório mundial apresentado em 2007.
– Isso leva a um consequente aumento no consumo de energia, o que não é bom também. O clima está bem adverso nos últimos anos e é agravado pela urbanização, o que provoca falta de área para escoamento e outros problemas que já sentimos na pele – finaliza.