O tenente Henrique Otavio Oliveira Velozo, 30, esteve na casa noturna Bahamas, em Moema, zona sul de São Paulo, logo após atirar na testa do lutador de jiu-jítsu Leandro Lo, 33, aponta investigação da Polícia Civil.
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Imagens de câmeras de segurança da boate, que constam do inquérito policial, mostram a chegada do PM ao estabelecimento às 3h04 do último domingo (7), ou seja, cerca de uma hora após ter atirado em Lo no show do grupo Pixote no Esporte Clube Sírio -que fica a dois quilômetros de distância do Bahamas.
Velozo segue detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.
A comanda utilizada pelo tenente Velozo, que também consta do inquérito, revela que ele ficou 1h58 na boate e gastou R$ 1.589, incluindo entrada, bebidas e taxa paga por sair com uma garota de programa.
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Pelo relógio da câmera de segurança, o PM deixou o local pouco depois das 5h. No caixa em que pagou a conta, é possível vê-lo conversando com uma mulher que o acompanha.
Da boate, ainda conforme a investigação, o tenente Velozo seguiu para um motel na avenida das Nações Unidas, em Pinheiros, zona oeste da capital, onde um quarto simples custa R$ 370 e a suíte presidencial, R$ 630.
Não foi informado o horário em que o policial deixou o local, mas ele teria se apresentado à Corregedoria da Polícia Militar no início da noite de domingo (7), quando seu pedido de prisão já havia sido aceito pela Justiça.
> Quem é Leandro Lo, campeão mundial de jiu-jítsu baleado na cabeça em show em SP
Procurado na tarde deste domingo (14), o advogado Claudio Dalledone Junior, instituído como novo defensor do tenente Velozo, informou não ter tido acesso às imagens e se disse surpreso com a divulgação das cenas pela polícia.
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— Se é que elas [as imagens] são efetivamente do tenente Henrique Velozo, elas tratam da intimidade dele. Isso, com toda segurança, será informado ao Ministério Público e ao juiz que fiscaliza esse inquérito policial — disse à reportagem.
Segundo registros das polícias Civil e Militar, o tenente Veloso já havia se envolvido em outras brigas antes da morte do lutador.
Em 2017, ele desacatou um tenente e agrediu um soldado em frente a uma casa noturna da Lapa, zona oeste de SP. Após investigação da Corregedoria, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça Militar.
Em 2020, o tenente Velozo foi acusado de dar um soco em uma mulher dentro de uma lancha. A vítima chegou a prestar queixa por lesão corporal contra o tenente. Já ele registrou uma ocorrência de calúnia contra a jovem. No entanto, de acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), ambos não deram andamento às queixas.
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Já em maio deste ano, o tenente Velozo foi o responsável por vetar que um soldado tivesse sua arma da corporação devolvida. O soldado de 22 anos responde a um PAE (processo administrativo exoneratório) devido a um problema pessoal, após divórcio traumático. Velozo sugeriu que o PM comprasse uma arma particular para se defender, já que o homem desarmado diz ser alvo de ameaças do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Relembre o crime
O advogado da família do lutador, Ivã Siqueira Junior, afirma que testemunhas disseram que os dois se desentenderam após Velozo entrar na roda de amigos de Lo, pegar uma garrafa de bebida e começar a chacoalhá-la. De acordo com os relatos, o policial tentava provocar o atleta.
Lo teria em seguida derrubado o tenente e o imobilizado. Outras pessoas se aproximaram e separaram a briga, sem ter havido agressões, ainda segundo relatos.
Velozo teria, então, sacado a arma que levava na cintura e atirado uma única vez na cabeça do lutador, que foi atingido na testa. A vítima chegou a receber os primeiros socorros de um médico no local e foi levada ao hospital, mas não resistiu.
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*Reportagem de Paulo Eduardo Dias