Depois de ter feito, na semana passada, a declaração mais contundente a respeito da possibilidade de estarem sendo usadas armas químicas por parte do governo de Bashar al-Assad na guerra civil síria (o uso de armas químicas é uma espécie de condição para eventuais ataques ocidentais contra Damasco), a Turquia foi alvo de explosões que deixaram 46 mortos e reagiu pedindo providências por parte da comunidade internacional.

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O cenário dos ataques foi Rehanyli, uma das cidades que mais têm recebido refugiados sírios nos últimos dois anos.

A reação verbal da Turquia veio ontem, um dia depois dos atentados perpetrados com carros-bomba. O ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, em visita a Berlim, criticou a comunidade internacional pelo que define como silêncio sobre a situação na Síria, uma passividade que, segundo ele, deu lugar ao “ato de terrorismo bárbaro” da véspera.

– O último atentado (o de sábado) mostra como uma faísca se transforma em incêndio quando a comunidade internacional permanece em silêncio e o Conselho de Segurança da ONU não consegue atuar – disse Davutoglu, que pediu “uma iniciativa diplomática urgente (…) para encontrar uma solução à crise síria”. – É inaceitável que o povo sírio e o turco paguem o preço por essa atitude.

O governo turco atribuiu a responsabilidade do atentado ao regime sírio de Bashar al-Assad, que ontem mesmo se apressou em desmentir o envolvimento do seu país no episódio – o ministro da Informação sírio, Omar Al Zoubi, chegou a rebater as acusações dizendo que o governo do premir turco, Recep Tayyip Erdogan, é “diretamente responsável” pelo ocorrido, por ter deixado que sua fronteira virasse “um centro para terrorismo internacional”.

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Erdogan diz que intenção é arrastar turcos ao conflito

Para tornar ainda mais tensa a situação, Erdogan disse que os atentados de sábado tiveram a intenção de arrastar o país para a guerra civil do país vizinho. O premier instou os turcos a se manterem “cautelosos e vigilantes” ante o que chamou de “provocações” do governo sírio.

Neste domingo, centenas de pessoas compareceram aos funerais das vítimas. O vice-premier turco, Besir Ataly, anunciou que os nove suspeitos, todos de nacionalidade síria, pertencem a “uma organização terrorista em contato com os serviços de inteligência sírios”. Acrescentou que alguns deles confessaram.