O alerta para o crescimento da criminalidade em São João Batista está aceso desde o final do ano passado. Na época, a população chegou a fechar os acessos à cidade em protesto pela insegurança. Um dia antes da manifestação, o sogro do prefeito do município foi sequestrado e liberado no dia 25 de dezembro. Depois, em abril deste ano, um adolescente de 16 anos, filho de um ex-prefeito da cidade também foi alvo de sequestradores. Passou oito horas com os suspeitos até ser encontrado pela Polícia Civil.

Continua depois da publicidade

A onda de crimes se intensificou nos últimos dias, quando uma lotérica foi assaltada, e chegou ao ponto mais forte com a invasão à agência da Caixa Econômica Federal, na madrugada desta terça-feira, dia em que a cidade completa 182 anos. Após o crime, o comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar de Balneário Camboriú, que responde por São João Batista, tenente-coronel Evaldo Hoffmann, admite que a cidade precisa ter reforço policial.

Ele entende que a região do Vale do Rio Tijucas, onde fica o município, necessita de um batalhão exclusivo. Dessa forma, a unidade atenderia às cidades de Tijucas, São João Batista, Nova Trento, Major Gercino e Canelinha. Hoffmann encaminhou o pedido de criação da estrutura para o comando-geral, que segundo ele aprovou o pedido e depois repassou para a Secretaria de Segurança Pública (SSP), que também teria permitido a criação. No entanto, a nova unidade segue apenas no papel.

— São João Batista é uma cidade com 33 mil habitantes que conta com apenas uma viatura (dois policiais) por dia. Esse número não suporta a demanda da cidade. Temos feito algumas operações na região para combater a criminalidade, mas você faz a ação e não consegue manter a segurança das outras cidades — admitiu o comandante.

A expansão territorial e populacional são apontados pelo tenente-coronel como agravantes do cenário em São João Batista. Polo calçadista do Estado, a cidade é a segunda que mais cresce em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

— Estamos usando estratégias, acoplando tecnologias. Mas ainda precisamos de mais policiais militares sob pena de continuar sofrendo esse tipo de ação — afirmou Hoffmann.

Em Major Gercino e Canelinha, conta o tenente-coronel, a situação é ainda mais crítica não há policiamento 24 horas. Ou seja, após o fim do expediente dos servidores de plantão, o atendimento é feito pela equipe da cidade mais próxima.

A assessoria de comunicação da Secretaria do Estado da Segurança Pública informou que há um projeto para transformar a atual unidade da PM em São João Batista numa Guarnição Especial. Caso o projeto avance, a base ficará sediada em Tijucas para atender a região, incluindo São João Batista. Conforme a assessoria, a mudança ocorrerá quando houver disponibilidade financeira.

Armamento pesado foi usado no assalto ao banco

O crime na agência da Caixa nessa madrugada envolveu pelo menos quatro homens, segundo a PM. Pelas imagens das câmeras de segurança das proximidades, é possível identificar que os bandidos estavam portando três fuzis 556, que usam calibre semelhante ao da AR-15, uma das armas mais potentes do mundo.

Continua depois da publicidade

Na região do 12º Batalhão da Polícia Militar, apenas os policiais do patrulhamento tático usam o mesmo tipo de armamento usado pelos bandidos. Todas as armas utilizadas no assaltos à Caixa era de uso restrito das forças policiais, segundo a PM.Enquanto o assalto ocorria, disse o tenente da PM Paulo Farias, um dos bandidos atirava contra a base da PM.

Os tiros atingiram, além do prédio policial, uma residência vizinha e quatro viaturas. Dois PMs estavam de plantão no momento da invasão.

— Os policiais em serviço ficaram acuados, impossibilitados. Foi uma ação muito bem planejada, eles estudaram o local. Tivemos um prejuízo enorme — disse o tenente.

Os bandidos teriam conseguido o acesso ao cofre da agência. O caso será investigado pela Polícia Federal por se tratar uma agência da Caixa, que pertence à União. Em entrevista ao repórter Cristiano Delosantos, da rádio CBN Diário, um morador vizinho conta que ouviu rajada de tiros durante quase 20 minutos durante a madrugada.

Continua depois da publicidade

Outra pessoa ouvida por ele afirmou que a insegurança leva as pessoas a pensarem em sair da cidade. O morador Nino Fachini diz que o município era pacato, mas “ultimamente não dá mais”.

No assalto à lotérica do Centro da cidade, ocorrido no último dia 11 de julho, três homens armados renderam a dona e clientes. Eles levaram dinheiro e pertences, e fugiram para Tijucas usando dois carros.