É sabido que o coração blumenauense — por nascimento ou opção — palpita no começo da XV de Novembro, que só por alguns metros não dá música quando cruza com a Rua das Palmeiras, tal e qual ocorre com o famoso cruzamento da capital paulista cantado por Caetano. Quem não se encanta com o casarão imponente, de cor incomum, que avisa ao visitante que estas são terras bem cuidadas? Pois quem passar pelo prédio da Fundação Cultural de Blumenau (FCBlu) a partir desta terça-feira terá motivos para se encantar ainda mais, já que será entregue durante a manhã o telhado restaurado e a fachada revitalizada para o bom uso da comunidade, principalmente a cultural.
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Construído em 1875 para ser o primeiro centro administrativo da cidade e tirar as reuniões de trabalho da sala do Dr. Hermann Blumenau, o prédio é apenas 25 anos mais novo que a própria cidade. Desde então passou por uma série de intervenções e ampliações e ganhou a estrutura arquitetônica que tem hoje em 1939, por designação do então prefeito José Ferreira da Silva. Pegou fogo em 1958 e a parte danificada só foi reconstruída em 2000, mas a obra da época deixou problemas que se arrastaram por mais de uma década e deterioraram o espaço. O restauro da estrutura já se fazia inevitável.
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A obra entregue nesta terça-feira corrige, justamente, estas falhas. O principal benefício, como ressalta o presidente da FCBlu, Rodrigo Ramos, é que vai parar de chover dentro do imóvel:
— O prédio estava inclusive com problema de infiltração na parte estrutural. Foi usado até não poder mais e eu preciso dar o crédito ao Sylvio (Zimmermann, ex-presidente e atual vereador pelo PSDB) porque ele foi atrás desse recurso.
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Apesar de ser tombado pelo patrimônio histórico estadual, a obra foi executada com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e contrapartida do município. Em valores atualizados, foram investidos aproximadamente R$ 547,8 mil na restauração do telhado.
Pintura revitalizada
Não foram apenas as telhas que passaram por recuperação. Segundo Ramos, as que estavam danificadas foram trocadas, e as que estão em bom estado foram higienizadas e recolocadas, pois como o prédio é tombado pelo patrimônio estadual a obra deve ter o mínimo de intervenção e conservar as características originais. Além disso, foi colocada uma manta impermeabilizante (para dar fim às goteiras) que ajuda a reduzir o calor na parte interna e a estrutura de madeira do telhado e do prédio foram revisadas.
Também foi feita a recuperação do piso da galeria, que é centenário, e a ampliação da área de exposições, em celebração aos 40 anos do espaço. Na área externa a fachada foi revitalizada, com limpeza e pintura, e até o fim do ano deve receber nova iluminação para valorizar as formas da construção.
Planos para o futuro
Com a recuperação do telhado concluída, outras áreas do prédio vão receber mais atenção. A prioridade agora, segundo Ramos, é o auditório Carlos Jardim, além de outras áreas do entorno da FCBlu:
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— Em agosto vamos voltar para o Horto (nos fundos da fundação) e começar a remontar os canteiros, buscando através de fotos dar uma característica da época que ele foi construído pela família Gaertner. Também a partir de agosto vamos começar a mexer nos museus, já que em novembro faz 50 anos que temos o Museu da Família Colonial.
Longo caminho
A restauração do telhado da Fundação Cultural de Blumenau foi uma busca que começou anos atrás. O trabalho se intensificou quando Sylvio Zimmermann, hoje vereador, assumiu o comando do órgão e encarou a obra como a principal demanda de sua gestão. O trabalho iniciado em 2013 foi concluído agora e é entregue a Blumenau na Semana da Imigração Alemã. A partir deste ano o prédio também passa a ser a sede do governo municipal todos os anos no dia 25 de julho.
2012
Novembro: projeto de revitalização do telhado é rejeitado pelo Ministério da Cultura (MinC).
2013
Janeiro: FCBlu encaminha novamente a proposta para análise do MinC.
Fevereiro: proposta de restauração do telhado é selecionada pelo Fundo Nacional de Cultura e oficializada com publicação no Diário Oficial da União.
2014
Fevereiro: após vencer uma série de etapas burocráticas e receber o recurso para começar a obra, a FCBlu dá a largada ao processo licitatório para a obra.
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Abril: FCBlu inicia as tratativas com a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) para fazer a obra em patrimônio tombado.
Junho: A FCC rejeita a proposta de reforma por considerar que o telhado estaria em bom estado e pede alterações no projeto. Com isso, uma nova licitação precisa ser feita para a obra.
2015
Janeiro: FCBlu assina contrato para a elaboração de um novo projeto para as obras, aprovado pela FCC em dezembro do mesmo ano.
2016
Junho: A nova licitação para a obra é lançada.
Agosto: assinatura do contrato e início das obras.
Fontes: Rodrigo Ramos, Sylvio Zimmermann e arquivo do Jornal de Santa Catarina.