A confirmação de duas mortes em Santa Catarina causadas por uma síndrome respiratória grave pós-Covid-19 em crianças e adolescentes, gerou uma alerta para as complicações da doença nessa faixa-etária. Pediatras infectologistas explicam os sintomas e diferenças da Covid prolongada e sequelas causadas pelo vírus.
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A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que já tem 59 casos e causou duas mortes em Santa Catarina, foi identificada pela primeira vez na Europa. Crianças e adolescentes que tiveram Covid desenvolveram uma doença grave, com inflamação em vários órgãos — coração, pulmão, intestino — além de manchas na pele. A maioria necessitava de hospitalização.
O presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, explica que depois da Europa também foram identificados casos nos Estados Unidos e Canadá, quando a situação passou a ser monitorada no Brasil.
Atualmente já foram confirmados 1.400 casos e cerca de 90 mortes no país. A maioria dos pacientes têm entre 5 e 10 anos, segundo Kfouri.
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— A gente criou um protocolo de vigilância no país para casos suspeitos. Essa síndrome foi definida como uma complicação tardia da doença. Não se sabe ainda porque algumas crianças, depois de algumas semanas pós-covid, desenvolvem essa doença. Aqui no país a letalidade é de 6% — explica.
O especialista ainda relata que todos os casos são de crianças não-vacinadas, já que a imunização neste público começou recentemente. Ele destaca que os dados já apontam nos Estados Unidos que a vacinação de adolescentes reduziu o risco dessa síndrome inflamatória em 92%.
Covid prolongada ou sequelas da doença
Os casos de SIM-P são considerados Covid prolongada, já que ocorrem algumas semanas após a pessoa ter sido infectada pela doença. Além disso, não precisa ter Covid grave para ter Covid longa.
O pediatra Infectologista, Tarcísio Crocomo, explica que muitos sintomas são caracterizados como Covid prolongada. Já as sequelas da doença ocorrem quando o vírus já não está mais no corpo, mas deixa danos.
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— Podem ocorrer manifestações associadas a quadros respiratórios arrastados, sequelas neuromusculares (alterações da função muscular), alterações cognitivas, gastrointestinais, cardíacas (miocardite) entre outras. Sendo casos de persistência e “cronificação” dos problemas — explica.
O especialista destaca que pais e médicos que acompanham as crianças devem ter atenção a alguns sintomas, como tosse, coriza, falta de ar, febre, dor de garganta, olhos vermelhos, dores musculares e possíveis manifestações cardíacas (cansaço, desconforto). O acompanhamento pediátrico é essencial.
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