Um dia após o alagamento causado pelo rompimento de uma lagoa da Casan que atingiu ruas e casas da Lagoa da Conceição, moradores fazem a limpeza do local e tentam recomeçar. Segundo a prefeitura de Florianópolis, 35 residências foram danificadas e 13 famílias estão desalojadas. 

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> Aberta investigação para apurar suposto desleixo da Casan na Lagoa da Conceição

Amanda dos Santos, mora na Servidão Manoel Luiz Duarte, a rua mais atingida pela inundação. Ela relatou que seu irmão se jogou na água para salvar as pessoas que estavam sendo levadas pela correnteza. 

— Na nossa casa subiu até cerca de 1,60 de água. Como tem vários andares, deu para nos refugiar nos andares de cima. Mas por causa do horário, a gente imaginou que teriam muitas pessoas dormindo, então ele saiu pra tentar acordar as pessoas, para que ninguém morresse dormindo — declarou a moradora. 

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Amanda ainda conta que por conta da força da água que descia pela servidão, o irmão sofreu alguns ferimentos enquanto tentava fazer o resgate das pessoas: 

— Ele acabou se machucando nos braços, tomou choque também porque ainda estava passando energia na água. O menino que ele salvou também tomou vários choques. Fora a água toda suja que ele ingeriu. Mas graças a Deus ele só passou um pouco mal e agora está bem. 

Amanda dos Santos abraça o vizinho Edson Moraes
Amanda dos Santos abraça o vizinho Edson Moraes (Foto: Diorgenes Pandini/NSC)

Morador da Servidão Manoel Luiz Duarte há 28 anos, Edson Moraes relatou o momento de desespero que enfrentou na manhã de segunda (25), quando percebeu o que estava acontecendo. Ele conta que por volta das 5h30min, acordou com a esposa perguntando o que era o barulho alto que vinha de fora da casa.

— Quando abri a porta da quitinete eu vi aquela coisa preta entrando. Arrebentou o muro, me deu um soco no peito, me jogou lá nos fundos do quintal. Eu comecei a rodar, a água estava fazendo redemoinho e a minha esposa gritando ‘Nego, nego, eu vou morrer’. Graças a Deus eu consegui nadar, me agarrei na quitinete, peguei minha esposa e a minha cachorrinha. Aí nós subimos pelas dunas e saímos lá na Avenida das Rendeiras — relatou.

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Edson perdeu a casa e o carro, que não tinha seguro, no alagamento, mas diz que o mais impotante é que a família conseguiu se salvar: “Agora é recomeçar”.

Moradores que perderam casas e carros no alagamento tentam recomeçar
Moradores que perderam casas e carros no alagamento tentam recomeçar (Foto: Diorgenes Pandini/NSC)

Roberto Carlos Vicente, residente da Servidão há 35 anos, conta que os moradores da região já haviam informado a Casan sobre o risco de rompimento da lagoa. Segundo ele, os fiscais faziam visitas constantes ao local, mas nenhuma providência foi tomada.

— A gente já estava avisando a Casan não de agora, já de anos. No dia que eles começaram a rede de esgoto aqui, eles lançaram tudo pra lá. A estação de tratamento pegava água e não tinha como jogar na lagoa, jogava tudo pra bacia das dunas. Foi onde deu esse desastre todo — declarou.

Carros e casas foram atingidos pelo alagamento
Carros e casas foram atingidos pelo alagamento (Foto: Diorgenes Pandini/NSC)

> Entenda o que causou a inundação de ruas e casas na Lagoa da Conceição em Florianópolis

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Em entrevista à CBN Diário, a presidente da Casan, Roberta Maas dos Anjos disse que as pessoas atingidas pelo rompimento da lagoa artifical, que continha cerca de cinco milhões de litros de água, serão ressarcidas pela empresa

— A gente está com a equipe de assistente social e psicólogo da empresas, todos os danos são levantados e a Casan vai fazer o ressarcimento — disse.

Em nota, a companhia também informou que os profissionais permaneceram durante todo o dia “em campo” para o levantamento dos danos materiais, além de orientações aos moradores. A equipe da Casan está no local nesta terça-feira (26) para auxiliar na limpeza de casas e ruas afetadas.

Equipes fazem limpeza de ruas atingidas pelo alagamento na Lagoa da Conceição
Equipes fazem limpeza de ruas atingidas pelo alagamento na Lagoa da Conceição (Foto: Diorgenes Pandini/NSC)

Chuva em Florianópolis

No último domingo, um acumulado de 100 milímetros de chuva em apenas seis horas causou alagamentos e deslizamentos em Florianópolis. O número é quase metade do esperado para todo o mês, já que a média histórica de chuva em janeiro na Grande Florianópolis, segundo o órgão, é de 200 a 250 milímetros.

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Foram registradas cerca de 30 ocorrências durante o final de semana por conta da chuva, de acordo com a prefeitura. O caso mais grave resultou na morte de mãe e filha por soterramento, no bairro Saco Grande.