Através do encontro improvável entre um homem e uma mulher, Yousry Nasrallah mergulha com Após a batalha, único filme verdadeiramente político em competição em Cannes, nas mudanças muito lentas ou assustadoras da revolução egípcia, que ele presenciou.

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– O interesse principal de fazer um filme é recontar histórias sobre seres humanos e como, e isto é uma constante em todos os meus filmes, o indivíduo, diante de grandes acontecimentos, não aceita ser esmagado pela História com h maiúsculo – disse à imprensa.

Com apenas cinco páginas de roteiro, Yusry Nasrallah filmou sua ficção no momento em que os eventos eram registrados. Filmava a Praça Tahrir, escrevia com seu co-roteirista Omar Shama as cenas na noite anterior à filmagem, enquanto deixava os atores “trabalharem incorporando ideias”.

Ao longo das duas horas de um filme que mostra o papel das mulheres na Revolução, ele tenta “familiarizar o espectador com o que é um egípcio atualmente”.

Reem, interpretada por Menna Chalaby, é intelectual, emancipada, idealista, urbana, aberta, laica, militante da Revolução.

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Mahmud (Bassem Samra) é um dos cavaleiros que passeiam com turistas nas Pirâmides. Analfabeto e sem dinheiro, ele tem medo desta revolução egípcia que espantou os turistas e seu ganha-pão. Movido pela esperança de melhorar sua condição, ele aceita atacar os manifestantes da Praça Tahrir.

Jogado no chão e espancado, retorna ao seu bairro de Nazlet El-Samman onde ele e seus filhos são humilhados e ridicularizados.

Este é o lugar onde eles se cruzam, que os olhares se capturam, que o desejo sobe… apesar de esses dois mundos serem tão distantes.

Este encontro improvável é envolvido pelas possibilidades que poderiam ou deveriam causar a queda de Hosni Mubarak, como uma fantasia democrática que poderia destruir as classes, os preconceitos, as fronteiras físicas e morais da sociedade egípcia. Apenas uma fantasia, por enquanto.

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Yusry Nasrallah mostra a determinação da sua heroína em acreditar que a Revolução pode fazer tudo, as atitudes de Mahmud para tentar alimentar sua família e seu cavalo ou as tentativas desesperadas de Fátima, a esposa do cavaleiro, de manter sua família, principalmente seus dois filhos, enquanto colhe os primeiros frutos da emancipação.

Para Bassem Samra (Mahmud), a presença do filme em Cannes, pode ser uma grande e bela resposta a todos aqueles que querem acabar com arte no Egito. Foi este ator, que vive próximo ao distrito de Nazlet, que estimulou Yusry Nasrallah a contar a história desses cavaleiros das Pirâmides, exageradamente acusados de incorporar a contra-revolução atacando os militantes na Praça Tahrir.

– Em um ambiente onde o cinema é atacado como se fosse um pecado pelos chamados partidos islâmicos, este filme é um compromisso tanto político quanto para o cinema – disse o diretor.

– Uma ditadura faz você se odiar. As pessoas merecem esta carta de amor que fizemos para elas no filme.

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