O trabalho de combate ao incêndio no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro completou 48 horas na manhã desta quinta-feira (11). Após sobrevoo do helicóptero Arcanjo, por volta das 7h, foram identificados focos remanescentes, em uma área já queimada, mas sem possibilidade de se alastrar, conforme o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC).

Continua depois da publicidade

As chamas foram extintas pelos próprios agentes que estavam no helicóptero, sem a necessidade de utilização do bambi bucket (balde suspenso ao helicóptero). Até as 7h30min, o fogo havia sido controlado, de acordo com os bombeiros.

O último grande foco de incêndio foi controlado por volta das 23h de quarta-feira, de acordo com o major Davi Pereira de Souza, do Corpo de Bombeiros Militar de São José.

— Pelo o que a gente está percebendo durante o dia, nesses pequenos focos serão utilizados os bombeiros. Se for o caso, inclusive com o Arcanjo, colocando eles dentro do Parque para que cheguem um pouco mais próximos desses focos e não deixem se alastrarem — disse.

A área continua sendo monitorada ao longo da manhã com o auxílio de drones, principalmente na região Sul do Parque. Durante a madrugada, o Corpo de Bombeiros Militar de São José, responsável pela região, acompanhou a situação, fazendo rondas. Bombeiros de Balneário Camboriú, Itajaí, Brusque e outras regiões próximas também estão no local desde quarta-feira para ajudar no controle do incêndio.

Continua depois da publicidade

O cenário na base da Polícia Militar Ambiental, no parque, onde os bombeiros também montaram o centro de operações para o incêndio, é de mais tranquilidade nesta quinta-feira. Após mais de 24 horas de combate intenso, o fogo controlado tranquilizou as equipes, que seguem monitorando o parque com o uso do helicóptero Arcanjo, drones e quadriciclos.

Áreas que até ontem eram cobertas por vegetação, nesta quinta amanheceram em cinzas e devastadas. Em alguns troncos de madeira a fumaça persiste, mas a falta de vento no início da manhã impede que as chamas voltem a se espalhar.

Novos focos podem surgir com o vento

A preocupação neste momento é com o vento, de acordo com o major Davi, por ser fundamental para a propagação do fogo, pois facilita a combustão e o alastrando das chamas.

— É um fator preponderante para o início de novos focos. Mas vamos seguir monitorando para que, se houver, nós estejamos prontos para fazer esse combate — disse.

Continua depois da publicidade

A previsão para esta quinta-feira (12) é de mudança na direção do vento. No decorrer do dia ele irá mudar de Norte/Nordeste, para Sul devido a aproximação de uma baixas pressão pelo oceano, de acordo com a Central NSC de Meterologia. A velocidade média deverá se manter semelhante aos dias anteriores, entre 25 e 30km/h.

Entretanto, independentemente da direção, o que é determinante para o retorno das chamas é a presença do vento.

— Se há a presença de vento, independentemente do quadrante, no local é mais fácil de o fogo retornar. Se não houver vento é melhor — explica o 1° tenente e chefe do Centro de Comunicação Social do Corpo de Bombeiro Militar de Santa Catarina (CBMSC), Ian Triska.

Incêndio atingiu mil hectares

O fogo começou na manhã de terça-feira (10), avançou na quarta (11), o dia mais crítico do incêndio, e destruiu uma área de aproximadamente mil hectares, segundo o IMA. A extensão equivale a aproximadamente 1.400 campos de futebol.

Continua depois da publicidade

No total, o parque tem 84 mil hectares e é a maior unidade de conservação ambiental de proteção integral de Santa Catarina, estendendo-se por oito cidades: Florianópolis, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, Palhoça, Paulo Lopes e Garopaba, na Grande Florianópolis, e Imaruí, no Sul do Estado.

O Instituto do Meio Ambiente (IMA), órgão responsável pela unidade de conservação, afirmou que serão planejadas ações para recuperar a área atingida. É a segunda unidade de conservação ambiental atingida por incêndio na Grande Florianópolis em um intervalo de 18 dias.

Suspeita de incêndio criminoso

Segundo os bombeiros, não há indício de causa espontânea para o fogo no local – ou seja, as causas foram humanas, criminais ou acidentais. De acordo com o coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Carlos Cassini, a principal suspeita é que o incêndio tenha sido criminoso.

Ele ponderou que é necessário aguardar as investigações, mas ressaltou que a dinâmica do fogo indica que ele teve origem intencional devido à quantidade de focos e à rapidez com que as chamas se espalharam.

Continua depois da publicidade

O Instituto Geral de Perícias (IGP) elabora um laudo para encaminhar à Polícia Civil, que comandará as investigações.

Impacto para a fauna ainda precisa ser avaliado

O incêndio pode resultar em um prejuízo significativo para a fauna da unidade ambiental, avalia o professor Orlando Ferretti, do curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele acredita que animais em extinção em grande parte de Santa Catarina podem estar entre os mais afetados pela queimada, como antas, capivaras, muitos roedores, além de gatos do mato.

Além de combater as chamas, as equipes que trabalharam no local também resgatam animais. O soldado da Polícia Militar Ambiental (PMA) Leonardo Régis relatou que ouviu um barulho no mato enquanto parou o trabalho para trocar de equipamento. Pensou que seria um policial perdido, mas encontrou um jabuti saindo do meio do mato, indo em direção às cinzas.

*Com informações de Matheus Boaventura, da CBN Diário

Ainda não é assinante? Assine e tenha acesso ilimitado ao NSC Total, leia as edições digitais dos jornais e aproveite os descontos do Clube NSC.

Continua depois da publicidade

Leia as últimas notícias do NSC Total