Dos 19 dias do mês de outubro, apenas três não registraram chuva em Joinville e região, segundo levantamento da Epagri/Ciram. Para os próximos dez dias, a previsão ainda é de mau tempo, com poucos intervalos de abertura de sol.

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Apesar da preservação da umidade, no entanto, há possibilidade de diminuição no volume de chuvas. A partir de quarta (20) e quinta-feira (21), as chuvas devem aparecer mais ao final da madrugada e início da manhã, com aparições de sol durante a tarde. A temperatura máxima registrada nesses dois dias será na casa dos 20°C. 

Já na sexta-feira (22), terá abertura de sol e calor que permanece até o sábado (23) pela manhã. A chuva volta na tarde de sábado e, apesar de fraca, não dará trégua até o final do mês de outubro. 

Mesmo com baixa intensidade, o acumulado de chuva dos últimos dias e a circulação marítima podem trazer risco de deslizamentos de terra em Joinville, de acordo alerta da Defesa Civil do município.

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A chuva será contínua, com acumulado previsto para o período de até 40 mm. Os níveis da maré devem permanecer abaixo dos 2 metros. 

Chuva acima da média 

De acordo com Marcelo Martins, meteorologista da Epagri, é comum que a primavera seja mais chuvosa e tempestuosa, no entanto, segundo ele, o volume de chuvas registrado no estado está consideravelmente acima da média, se comparado aos anos anteriores.

Somado ao mau tempo, o mês de outubro também tem registrado baixas temperaturas. Martins explica que a primavera é a estação de transição do inverno, que é mais frio e seco, para o verão, que é mais quente, úmido e chuvoso. No início da estação, o clima, normalmente, se parece mais com o inverno e, ao final, mais com verão. Mas, nos últimos anos, a primavera tem ficado mais quente em outubro, ao contrário do que vem acontecendo em 2021.

Em Joinville, por exemplo, as duas estações da Epagri registraram anomalias nas temperaturas mínimas e máximas. Nesta terça-feira (19), a medição da mínima do Vila Nova está meio grau abaixo do normal, já a de Pirabeiraba, 0,3 graus. No dia 4 de outubro, a cidade chegou a registrar 10,2°C. Na medição da máxima, a estação do Vila Nova está 4,2 graus abaixo da média e, em Pirabeiraba, a temperatura está -2,8 graus abaixo.

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– A média da primavera é de 22,1°C no momento. Tanto na mínima quanto na máxima está frio. O que mais é possível sentir é durante oscilação da máxima, porque quando é pra fazer calor durante o dia, está quase 4 graus abaixo do normal. É um dado muito impactante – pontua Martins.

Este frio “fora de época” pode ser explicado pelo fenômeno “lestada” que ocorre no litoral catarinense. De acordo com o meteorologista da Epagri, a lestada é uma circulação marítima vinda do leste que aprisiona toda a energia e faz um efeito tampão, deixando o clima mais úmido e nebuloso.

– A cobertura de nuvens que tem favorecido essa baixa nas temperaturas – define.

Por que chove tanto em Joinville? 

A reportagem do A Notícia conversou com Paulo Ivo Koehntopp, responsável pela Estação Meteorológica da Univille e professor de Climatologia e Meteorologia na instituição para entender por que chove tanto em Joinville. A cidade, que é a mais chuvosa do estado, em 2015, chegou a registrar quase 300 dias seguidos de chuva. 

Koenthopp explica que Joinville é cercada por uma cadeia de montanhas sendo que os ventos predominantes vindos do oceano, e que passam também sobre a Baía Babitonga, trazem umidade que se acumula na base da Serra do Mar transformando-se em chuva sobre a cidade. Este tipo de fenêmeno, segundo ele, é denominado “chuva orográfica” e, portanto, a localização geográfica de Joinville contribui para a formação das chuvas. 

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Neste momento, de acordo com o especialista, há também três sistemas meteorológicos atuando no Brasil e que têm tornado a região litorânea de Santa Catarina mais chuvosa. Os ventos oceânicos constantes e a frente fria que está de passagem e deve deixar o estado nos próximos dias, devem trazer uma melhora no tempo. 

Junto a isso, um centro de baixa pressão localizado na região Sudeste e Centro-Oeste do país puxa a umidade presente na Amazônia para a região. Este sistema provoca o que é chamado de “rios voadores”, que são massas de vapor d’água geradas por evaporação e evapotranspiração que circulam empurradas pelos ventos. 

Segundo ele, existem árvores que chegam a transferir por evapotranspiração até 500 litros de água para a atmosfera. Quando os ventos levam este vapor da água para a Cordilheira dos Andes, explica, ele é desviado para a região e, consequentemente, se forma uma corrente de vento e umidade que despeja a água em Santa Catarina. 

– Por isso, é muito importante a manutenção da Amazônia, porque se desmatarmos a Amazônia, o sul vai secar. Se não fosse o fenômeno de rios voadores, pela posição geográfica no planeta, seríamos um deserto – explica. 

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