O hábito de usarmos a internet e as redes de relacionamento já trouxe mudanças a conceitos que por muito tempo tinham uma só conotação. Amigo, seguidor, curtir e compartilhar, para citar alguns, hoje em dia são ideias completamente diferentes do que há 10 anos. Mas um outro passo da tecnologia dá vida a aplicativos e os torna mais humanos.
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Em seu mais recente filme, Ela (Her, 2013), o diretor Spike Jonze nos apresenta a Theodore Twonbly (Joaquin Phoenix), um homem que se envolve emocionalmente com um sistema operacional de nome Samantha (voz de Scarlett Johansson). Ela é a evolução de um assistente pessoal, mas com a capacidade de sentir.
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Apesar da ficção mostrar um aplicativo muito mais avançado do que existe atualmente, a designer de usabilidade Diane Spagnuelo, desenvolvedora de aplicativos móveis da nKey, de Florianópolis, explica que os sistemas e aplicativos vêm mudando ao longo dos anos e imitando cada vez mais os movimentos naturais do ser humano.
– Antes só havia o teclado. Depois surgiu o mouse, que revolucionou o modo como interagimos com a máquina. Nos dispositivos mais recentes, primeiro houve a caneta digital, mas hoje em dia usamos os dedos mesmo. É o mais natural – diz Diane.
De acordo com ela, muita gente já estranha uma caneta. Daqui a um tempo se estranhará a tecla. Os videogames não precisam mais dos botões, usam o sistema kinect.
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– Os artefatos físicos vão sumir. A gente vai conviver com uma série de dispositivos integrados que vão responder aos comandos naturais de voz e gestuais – afirma.
As expressões faciais, o tom da voz, o movimento da cabeça, dos olhos e do corpo vão oferecer contexto para o significado das palavras, permitindo à máquina avaliar o estado emocional do usuário.
Empresas como Apple, Google e Facebook traçam perfis psicológicos e emocionais dos usuários. A tendência é inserir esses perfis nos robôs assistentes, que vão notar quando o usuário está triste, feliz ou emotivo.
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Amor pelo smartphone

A estudante Maria Eduarda Soares, 22 anos, é exemplo de caso de amor pelo smartphone. Duda, como gosta de ser chamada, não esconde que o dia está perdido quando esquece o aparelho em casa.
– Eu fico agoniada, quero saber o que meus amigos me mandam o tempo todo – revela.
A estudante conta que o primeiro aparelho que teve a conquistou de uma forma muito diferente do computador que tinha em casa.
– A minha reação foi de amor à primeira vista. Toda a minha vida está ali dentro, e tem vezes que eu até beijo ele – confessa Duda.
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Ela tem um aparelho Moto X, da Motorola, que vem com o aplicativo Google Now.
Computador com cérebro
Para identificar mudanças emocionais do usuário, o sistema vai avaliar o movimento dos olhos, a pressão na tela que pode ser diferente da média registrada, o tom de voz e o batimento cardíaco.
Fernanda Parisi, pós-graduada em design de interação e designer de experiência do usuário da Nexxt, empresa de Florianópolis, explica que a partir do momento que há um vínculo entre usuário e dispositivo, a pessoa não para para pensar na ação.
– No fim há uma multidão falando sozinha. Não existem mais pares. É uma aproximação que afasta do outro, do próximo.
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Na opinião do mestre em Inteligência Artificial Dennis Kerr Coelho, ainda tem muito o que se pesquisar para se chegar ao nível que não dá para identificar se é um bot (programa robotizado) ou uma pessoa.
A previsão é de que em 15 anos os computadores terão o mesmo poder de processamento do cérebro humano. Até lá eles conseguirão passar no famoso teste de Turing que aponta se os humanos conseguem discernir se estão interagindo com uma pessoa ou uma máquina em uma conversação.
– É uma tendência para um futuro um pouquinho mais para a frente, mas cada vez mais as máquinas terão o sentimento envolvido – destaca o especialista.
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A convergência dessas tecnologias – reconhecimento de gestos e de voz, que já existe nos assistentes pessoais, e o armazenamento nas nuvens, carregando seus arquivos com você em qualquer lugar – já tornaria possível uma Samantha em nossas vidas.
