Na região onde está sendo construído, desde 2014, o elevado que pretende desafogar o trânsito da região sul da Ilha, no bairro Rio Tavares, os moradores ainda estão com a pulga atrás da orelha. É consenso entre quem mora no local de que a obra, prometida para o ano passado, ainda vai demorar a ser inaugurada — mesmo com as novas promessas feitas na quarta-feira pelo prefeito Gean Loureiro (PMDB), junto do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB).
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Um dos entraves para que a obra tomasse prumo era a questão do alto investimento para as 32 indenizações de imóveis que ainda faltavam. Na quarta pela manhã, foi regulamentada a lei das Parcerias Público Privadas (PPPs), que estava sendo tratada como fundamental para a continuidade dos trabalhos. Com a lei, construtoras da cidade poderão negociar diretamente com os donos de imóveis da região.
Em uma linguagem menos burocrática, empreiteiros pagam pelos imóveis que precisam ser desapropriados no Rio Tavares e quando quiserem construir em outro ponto da cidade, as taxas das outorgas construtivas não serão cobradas pela prefeitura. Com este jeitinho, o governo municipal não precisará desembolsar a grana que está sendo prevista com as desapropriações — uma economia de até R$ 17 milhões, segundo Gean — e a obra do elevado, finalmente ganharia agilidade.
Mas para alguns moradores que devem ter suas casas desapropriadas, esta parece ser apenas mais uma promessa. Demorou tanto que agora eles só acreditam vendo.
— Levaram mais de um ano só para fazer este pedacinho do elevado. Imagina todo o resto. Vai levar uns dez anos para isso tudo ficar pronto. Se duvidar, a ponte Hercílio Luz será entregue antes — lamenta o garçom Valmir da Silva, de 39 anos.
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Ele, que mora e trabalha no Rio Tavares, acompanha o projeto desde seu início. Neste período de espera, avalia que o número de carros na região aumentou tanto que ele nem tem mais certeza de que um elevado vá, de fato, ajudar no trânsito.
— Por que não usaram o dinheiro do elevado para duplicar a rodovia? Me parece que faz mais sentido para desafogar o tráfego — observa.

A opinião é compartilhada pelos mecânicos Marcos Roberto Tcatch, 42, e Alessandro Jacobsen, 46. O primeiro, morador do norte da Ilha, costuma ir sempre para o sul a trabalho e precisa encarar o trânsito da região. Usa moto para tentar fugir um pouco das filas. Já Alessandro mora e trabalha perto da obra.
— Se fizerem duas pistas numa parte da rodovia e três pistas em outra, só vai levar o gargalo para outro lugar — avalia Alessandro.
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Espera da negociação
A dona de casa Salete Souza, 58, mora em frente à rótula do Rio Tavares, que leva para bairros como Campeche e Ribeirão da Ilha, e também para a Lagoa da Conceição. Ela disse que no ano passado, apareceram pessoas da prefeitura para falar sobre a desapropriação do imóvel. Mas este ano, ninguém esteve por lá ainda.
— A gente não tem vontade de sair daqui, é claro. Mas do jeito que ficou com a obra, também não dá. Tem muito mais trânsito, está muito difícil para atravessar — diz.
Ainda na SC-405, mora a família de Adriana Praz, 38, e Paulo Penedo, 52. Eles possuem um comércio na beira da estrada que será desapropriado. Gostariam de dar início à obra do novo ponto, que ficará mais para trás, mas por conta das indefinições, por enquanto, só esperam.
— Eu moro aqui desde que nasci. Já acompanhei as obras de elevação da rodovia, que alagava por causa da maré, e agora essa do elevado. E sempre demora. Já viu alguém acreditar em político? — indaga, com ironia, a comerciante.
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Nova pista também é prometida
Ainda na quarta-feira, o Governo do Estado anunciou que irá rever o prazo de encerramento do contrato de financiamento do elevado, que vencerá em dezembro deste ano, para dar mais tempo à prefeitura com as desapropriações. Uma data para a obra ficar pronta não está prevista, porque dependerá das negociações entre empresas e donos dos imóveis.
No encontro entre o secretário de Estado Infraestrutura, Luiz Fernando Vampiro, o prefeito Gean Loureiro, e o vice-governador Eduardo Pinho Moreira, também foi autorizada a abertura do processo licitatório da segunda etapa da terceira pista da SC-405.
O trecho viabilizado será do elevado até a Avenida Pequeno Príncipe, no Campeche. O prolongamento da terceira pista (que foi construída em 2011 entre o Elevado da Seta e o Trevo do Rio Tavares e tem 2,6 quilômetros) está estimado em R$ 11 milhões, cabendo ao Governo do Estado aproximadamente R$ 4 milhões e o restante, referente às desapropriações, à prefeitura.
O serviço no trecho com um quilômetro entre os trevos do Rio Tavares e o Campeche será feito pela Secretaria da Infraestrutura. Vencida a etapa de desapropriações, a construção da pista deverá ser executada em seis meses.
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