Imagine digitar um endereço simples como o do Facebook, YouTube ou Twitter. A resposta demora, o computador fica pensando eternamente… e cai. Na era da internet acessível, a censura ainda é um recurso ao qual apelam governos temerosos de que as redes sociais sejam utilizadas para “conspirações”.

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O exemplo clássico é o da China, mas o relatório anual sobre a internet da organização Repórteres Sem Fronteiras põe na condição de “sob vigilância” democracias como Coreia do Sul e França – lado a lado de Rússia, Egito e nações conhecidas por sua intolerância com dissidências.

– Toda a informação está na internet. Não ter acesso a uma internet livre é não ter acesso à informação livre – afirma a diretora do Repórteres Sem Fronteiras Delphine Halgand.

Apontada como inimiga da internet, a China conta com um exército de censores online. O acesso às empresas citadas acima é impedido, mas há versões nacionais. Nelas, uma palavra considerada errada é suficiente para encerrar a conta. Estima-se que sejam mais de 30 mil censores só para vigiar fóruns e debates polêmicos, que podem ser retirados do ar em minutos.

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Vivendo em Pequim há seis anos, a brasileira Tarsila Borges usa a técnica de muitos estrangeiros e chineses para dar a volta no sistema: o acesso a uma rede privada virtual (V.P.N., na sigla em inglês), que pode ser gratuita ou paga. Cedo ou tarde, porém, a estratégia é descoberta pelo governo.

Desde o ano passado, a censura foi acentuada após o início da Primavera Árabe, no início de 2011, e a destituição, em março, do ex-líder do Partido Comunista (PCC) Bo Xilai, o que deu início a uma onda de especulações online sobre lutas na cúpula do poder e um possível golpe de Estado. A previsão é de que o controle seja intensificado às vésperas do Congresso do PCC.

– No início da Primavera Árabe, tinha palavras que você colocava no Google, a página caía. Foram meus alunos que me avisaram. Tem uma lista de palavras que você não pode usar, senão, a sua internet vai cair – diz Tarsila, que foi professora de português na Universidade de Pequim.

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Restrições até na Coreia do Sul

Na vizinha Coreia do Sul, uma próspera democracia e um dos países mais conectados do mundo, o aumento dos episódios de censura preocupa. Nos últimos tempos, um crítico do governo que insultou o presidente pelo Twitter teve sua conta bloqueada, um ativista cuja postagem comparava autoridades a piratas foi acusado pela marinha de difamação.

E um juiz, após escrever que o presidente (“Sua Alteza”) estava determinado a “ferrar” internautas que desafiavam sua autoridade, foi demitido. O governo sul-coreano defende sua posição argumentando que age assim porque “assassinatos e suicídios causados por insultos excessivos e a disseminação de falsos rumores e difamações se tornaram questões sociais”.

Mas o reverendo Choi Byoung-sung, crítico da política ambiental do governo, argumenta que a livre expressão é prejudicada:

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– Estão incendiando uma casa inteira sob o pretexto de matar algumas pulgas – comparou Choi.

Segundo o Repórteres Sem Fronteiras, o país controla materiais que parecem apoiar a Coreia do Norte, mas “a censura também está focada em opiniões políticas expressas online.

* Com The New York Times