A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu nesta sexta-feira por não reduzir sua produção, apesar dos preços em queda e da maior produção esperada pelo fim das sanções ao Irã.

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Após a reunião do cartel em Viena, o presidente da Opep e ministro do petróleo da Nigéria, Emmanuel Ibe Kachikwu, disse que uma redução “não vai causar muito impacto no mercado”.

A Opep, cujos membros produzem um terço do petróleo no mundo, tem se esforçado significativamente para manter a produção em 30 milhões de barris diários.

O cartel atualmente produz cerca de 32 milhões de barris por dia, mas esse volume deve subir ainda mais nos próximos meses com o petróleo de Irã e Indonésia, cujo retorno à instituição foi confirmado nesta sexta-feira.

A Opep, entretanto, não divulgou seu teto de produção no comunicado final desta sexta-feira.

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“Não podemos apontar um número agora porque o Irã está chegando, mas não sabemos quando o Irã virá, e teremos que acomodar o Irã de uma maneira ou de outra”, disse o secretário-geral da Opep, Abdullah el-Badri.

“Decidimos adiar esta decisão para a próxima reunião da Opep (em junho), quando o cenário ficará mais claro para que a gente decida sobre o número”, acrescentou.

Na quinta-feira, o Irã disse que não cederia às pressões para não aumentar sua produção após a suspensão das sanções impostas por causa de seu programa nuclear.

Esse aumento da produção acontece em meio ao enfraquecimento da demanda, em grande parte causada pela desaceleração na China, a maior consumidora de petróleo do mundo.

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– ‘Ninguém está feliz’ –

Apesar dos preços do petróleo terem caído mais de 60% em 18 meses, a Arábia Saudita e outros países do Golfo estão desafiando os pedidos pelo corte na produção, em uma estratégia de tentar preservar a fatia de mercado do cartel e afastar a concorrência dos produtores de fora da Opep, como a Rússia e os Estados Unidos.

A Arábia Saudita repetiu nesta sexta que só cortará a produção quando os países de fora da Opep fizerem o mesmo.

“Dissemos em mais de uma ocasião que queremos cooperar com todos que desejam ajudar a balancear o mercado… conosco”, revelou o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, a jornalistas em Viena.

Os países mais pobres da Opep – principalmente Venezuela, Equador e Argélia – foram os que mais pediram uma redução na produção, já que os preços baixos têm tido forte impacto em suas receitas.

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“Todos estão preocupados com os preços, ninguém está feliz”, disse o ministro iraquiano do Petróleo, Adil Abd Al-Mahdi.

Nesta sexta-feira, o petróleo fechou em queda de 1,11 dólar em Nova York, a 39,97 dólares o barril.

Em junho do ano passado, o barril era negociado acima dos 100 dólares mas, desde então observa-se uma acentuada queda de preço causada pelo excesso da oferta global, pelo fraco crescimento da demanda e pela valorização do dólar.

Nesta sexta-feira, a Opep confirmou o retorno da Indonésia ao cartel, depois de aproximadamente sete anos fora, elevando para 13 o número de países membros.

“A volta da Indonésia só fará que a sua produção seja reclassificada de não Opep para Opep”, avaliou Julian Jessop analista da Capital Economics.

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Em meio à COP 21 e às pressões pelo uso crescente de energia renovável, a Opep afirmou em seu comunicado que “as mudanças climáticas, a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável são uma preocupação para todos”.

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