O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que duas falhas de grande magnitude no sistema brasileiro de alta tensão deu início ao apagão desta terça-feira (15). Disse ainda que a queda parcial da energia nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, em que Santa Catarina está localizada, foi proposital e adotada em um segundo momento para evitar que o problema se espalhasse ainda mais.

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Silveira disse que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já identificou que uma dessas grandes falhas ocorreu no Ceará. O outro evento causador do apagão ainda é investigado.

— Nós temos um sistema redundante, temos um sistema N-1, é como se fosse um avião com dois sistemas elétricos, dois sistemas hidráulicos, duas turbinas… ou seja, temos que ter tido dois eventos concomitantes em linhas de transmissão de alta capacidade para ocorrer uma falha dessa — explicou durante coletiva de imprensa durante esta tarde.

As duas falhas iniciais causaram a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste do restante do país, segundo o ONS. A partir disso, o órgão adotou uma contingência controlada no Sul brasileiro — em Santa Catarina, cerca de 600 mil pontos ficaram sem energia elétrica devido à medida.

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— Por uma contingência planejada do ONS, ela minimizou a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste para que não houvesse a interrupção total delas — disse Silveira.

O ministro ainda negou que o país esteja sob estado de insegurança energética, classificando o episódio recente como extremamente raro e inesperado, apesar de grave.

— É importante que os brasileiros entendam: diferentemente de dois anos atrás, em que estávamos à beira de um colapso, com o sistema operando em bandeira vermelha e necessitando de contratação das térmicas, agora não, agora há segurança, nossos reservatórios estão cheios. O ocorrido de hoje absolutamente nada tem a ver com o planejamento do sistema e a geração de energia — completou.

Privatização da Eletrobras

O ministro de Minas e Energia afirmou que seria leviano associar o apagão à privatização da Eletrobras, conduzida no ano passado pelo então governo de Jair Bolsonaro (PL), embora seja crítico dela.

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Mais cedo, a primeira-dama, Janja da Silva, relacionou um fato ao outro com publicação irônica no Twitter: “A ELETROBRAS FOI PRIVATIZADA EM 2022. Era só esse o tuíte”, escreveu.

— Eu seria leviano em apontar que há uma causa direta com relação à privatização da Eletrobras. O que não posso faltar é com a coerência, a minha posição sempre foi essa e não vai deixar de ser, que um setor estratégico como esse deve ter a mão firme do estado brasileiro — afirmou Silveira.

PF e Abin também devem investigar apagão

O ministro afirmou ter também solicitado ao Ministério da Justiça que acione a Polícia Federal (PF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para investigarem o caso. Ele não descartou que a separação elétrica das regiões do país tenha tido “dolo”, ou seja, intenção criminosa.

A pasta comandada por Silveira comunicou mais cedo já ter iniciado a retomada do serviço após o apagão. Além disso, uma sala de situação foi criada para acompanhar o processo.

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O ministro precisou voltar ao Brasil às pressas. Na ocasião do apagão, ele estava no Paraguai, onde acompanharia a posse do presidente recém-eleito Santiago Peña junto de uma comitiva de Lula (PT).

Assista à entrevista coletiva do ministro Alexandre Silveira

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