O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a depor nesta quinta-feira (20) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado Federal. O general falou por mais de sete horas na quarta (19), mas a sessão foi suspensa e retomada no dia seguinte. O segundo dia de depoimento do ex-número 1 da Saúde do país começou às 9h30min. A reunião foi divulgada ao vivo através do YouTube.

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> CPI da Covid: como foi o primeiro dia de depoimento do ex-ministro Pazuello

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O primeiro dia de depoimento de Pazuello foi suspenso depois que outra reunião de senadores teve início e que Pazuello passou mal. Ele precisou de atendimento do senador Otto Alencar (PSD), que é médico.

Durante o depoimento, Pazuello respondeu perguntas sobre questões como por que o ministério não respondeu aos contatos da farmacêutica Pfizer, que ofereceu vacinas contra Covid-19 em cinco ocasiões no segundo semestre de 2020, e sobre quando tomou conhecimento da crise de falta de oxigênio em Manaus (AM), em janeiro. Ele também negou ter defendido a cloroquina e disse que o presidente Jair Bolsonaro nunca ordenou que a pasta não comprasse a vacina CoronaVac, do Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac.

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> Pazuello cita Blumenau durante depoimento na CPI da Covid

– Uma postagem na internet não é uma ordem – afirmou o ex-ministro, ao comentar publicação nas redes sociais em que Bolsonaro afirmou que o imunizante não seria comprado.

O segundo dia de depoimento de Pazuello terá ao menos 23 senadores inscritos para fazer questionamentos ao general. A CPI também deve analisar requerimentos para convocar novas pessoas a depor e um pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e de telecomunicações do ex-ministro da Saúde.

Segundo dia de depoimento

Nesta quinta-feira (20), Pazuello começou a responder as perguntas por volta das 10h. O primeiro a questionar foi o senador Eduardo Braga (MDB). Ele indagou se o ex-ministro é a favor do uso de máscara e álcool em gel e distanciamento social, já que foi visto em um shopping sem o equipamento de segurança. Pazuello garantiu que acredita nas medidas de proteção.

Depois, afirmou que erros da empresa responsável pelo abastecimento de oxigênio em Manaus e da Secretaria Estadual de Saúde teriam causado a grave crise e mortes em hospitais em janeiro. 

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— Somos abastecidos pelas informações das secretarias de Estados e municípios. A secretaria não acompanhou de perto [o fato de que a fornecedora estava com o estoque no fim]. Nós [Ministério da Saúde] fomos pró-ativos — defendeu. 

Durante o depoimento, Pazuello confirmou que o TrateCov, aplicativo do Ministério da Saúde que receitava ‘tratamento precoce’ com cloroquina, ivermectina e antibióticos para qualquer paciente que relatasse sintomas semelhantes aos do coronavírus, foi roubado por hackers quando anunciado. 

Na sequência, um bate-boca entre senadores defensores e críticos ao governo Bolsonaro causou a suspensão de 10 minutos da sessão, pouco antes das 11h. 

“Eu vou instruir você sobre o uso de máscara”

O senador Otto Alencar (PSD-BA) falou que iria atender ao pedido de Pazuello — feito no primeiro dia de depoimento — e faria perguntas mais aprofundadas. O parlamentar perguntou sobre as especificidades do novo coronavírus, sobre a primeira vez que o coronavírus foi identificado, entre outros questionamentos relacionados a parte técnica da doença.

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O ex-ministro Pazuello não soube responder nenhuma das perguntas e ainda disse:

— Eu não sou médico, estava falando de questões aprofundadas de gestão na pandemia.

O senador Alencar falou que o pior culpado da crise em Manaus foi o governador Wilson Miranda Lima (PSC), mas que há diversos pontos em que a gestão “deixou totoalmente a desejar”, como no uso de máscara, distanciamento social e recomendação de hidroxicloroquina, não recomendada pelas autoridades de saúde para tratar o coronavírus.

O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) alfinetou o ex-ministro da Saúde e pediu para que ele cooperasse com a CPI.

— É melhor você colaborar mais com essa CPI porque essas pessoas que estão lhe aconselhando não vão estar do seu lado no inquérito — alertou.

Outro assunto tratado durante a CPI, um dos pontos mais polêmicos da gestão Pazuello, foi o aplicativo criado pelo governo que receitava hidroxicloroquina até para bebês. 

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O ex-ministro da Saúde afirmou que o aplicativo TrateCov foi divulgado ainda em fase de protótipo e que depois acabou hackeado, sendo colocado indevidamente no site do Ministério da Saúde. Segundo Pazuello, um hacker teria roubado a plataforma e depois incluida na rede digital do governo.

– No dia que descobrimos que foi hackeado, eu mandei tirar do ar imediatamente”, afirmou o ministro.

O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), por sua vez, ironizou a afirmação de Pazuello, ao citar o fato de que o aplicativo foi anunciado em evento oficial em Manaus.

– O hacker é tão bom que ele conseguiu colocar o aplicativo em uma matéria na TV Brasil. Tudo que poderia ter sido para usar o povo amazonense de cobaia foi feito – disse Omar.

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