Fui morar na Austrália em 2010 e mesmo antes de chegar lá já ouvia falar sobre Vanuatu e Nova Caledônia, duas boas surpresas localizadas próximos ao Oceano Pacífico e quase grudadinhas em Sydney, minha casa por dois anos e meio. Ambas estão localizadas na Melanésia (uma das regiões da Oceania – englobando Fiji, Nova Guine, Ilhas Salomão e Timor Leste). Conversando com uma amiga, comentei que queria conhecer estes lugares, então descobrimos um cruzeiro que faz este trajeto em 11 dias saindo de Sydney, chamamos outras amigas e pronto, montamos uma espécie de excursão.

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Nosso grupo de 11 brasileiras e uma inglesa apaixonada pelo nosso país rendeu muita praia, sol, calor, novos amigos com quem temos contato ainda hoje e até um namoro que esta prestes a virar casamento. O fato de irmos para lugares com pouca exploração turística ainda nos deu a possibilidade de conhecermos os locais, as tradições e de compartilhar de alguns costumes. Gosto muito de andar pelas cidades onde passo e conhecer a rotina dos moradores, conversar com os nativos, ouvir as histórias de pessoas mais velhas e experimentar a culinária local.

Como a maioria dos países e ilhas do Pacífico ou da Melanésia, Vanuatu e Nova Caledônia possuem águas incrivelmente azuis ou verdes e em alguns locais chegam a ser transparentes. Inesquecível é nadar com os peixes, tomar água de coco fresquinha e ouvir a música cantada pelas crianças da ilha, estando cercada de mar por todos os lados. O cruzeiro durou 10 dias e foi oferecido pela P&O Cruises. Há outras opções incluindo Fiji ou outras ilhas. O custo é de cerca de US$700 (saindo de Sydney) e inclui toda a alimentação e grande parte das atrações no navio.

Vanuatu, a lagoa azul

A influência francesa em Vanuatu é muito forte, apesar da ilha ter sido descoberta por um português que trabalhava para a coroa espanhola. Depois de anos os europeus retornaram e redescobriram o arquipélago. A economia é baseada na agricultura, com plantação de algodão, café e banana. Hoje o mais comum é ver a sinalização nas ruas em francês e placas nos restaurantes oferecendo o plate du jour (prato do dia ou o famoso PF) ou croissant e baguetes nos mercados e padarias. Vanuatu é um arquipélago de mais de 80 ilhas. Confira as que visitamos.

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Port Vila e Blue Lagoon

Ao chegar em Port Vila, capital de Vanuatu, e sermos praticamente “atacadas” pra escolher uma das vans, negociamos bem rápido (porque milhões de motoristas tentavam nos convencer) e partimos para conhecer a Blue Lagoon e a Vila Cultural Ekasup. Foi um nativo quem nos sugeriu estes lugares. Lá fomos nós, enchemos a van e partiu! No caminho para a Blue Lagoon passamos pela praia de Crystal Blue que era tão escondidinha na estrada que quase passou despercebida. Ela é uma pequena prainha no meio do nada. Ao pedirmos ao motorista para pararmos para tirar fotos ele falou: “calma, tem muito mais por vir”.

E não é que ele estava certo mesmo? Mal sabíamos a surpresa que nos esperava! O tal lugar que ele nos falou era a Blue Lagoon. Após descer uma pequena estradinha de terra nos deparamos com uns meninos, uma árvore gigante, um cipó e uma lagoa tão azul, mas tão azul, num turquesa inesquecível que após o choque inicial a brincadeira estava feita: segurar a corda e se jogar naquela água fresca e linda!

Depois que saímos da Blue Lagoon fomos visitar uma das tribos locais e saber mais sobre a história de Vanuatu. Na Ekasup Cultural Village fomos recebidos por locais caracterizados com roupas de palha típicas da região que nos contaram sobre o canibalismo que deixou de existir há algumas décadas por lá. Receitas medicinais para tratar doenças, simpatias que eram feitas para que a noiva se apaixonasse pelo marido prometido desde a infância e o tipo de aliança usada pelos casais, um anel de osso, foram alguns dos assuntos que eles nos contaram. Ah, ainda teve a história do dente, que era arrancado das mulheres como prova de amor (sim, eles achavam lindo e sexy ter uma esposa desdentada!)

Ela é tão, mas tão pequenina que em 40 minutos de trilha é possível contornar essa faixa de areia branca cercada de água turquesa e lindos corais. Sem telefone, eletricidade, restaurantes e hotéis, nem moradores a ilha tem, e a população é zero em qualquer cartilha geográfica. Rodeada por palmeiras e coqueiros possui apenas um banheiro público e algumas cabanas para aqueles que decidem passar a noite por ali. Lá não tem quase nada pra comprar nem pra comer (além dos artesanatos e coco somente nos dias em que o navio aporta e que são vendidos pelos moradores da comunidade vizinha), então não há necessidade de trocar dólares para Vatu, a moeda local. Um coco furado, e que depois pode ser aberto para aproveitar a polpa, custa cerca de US$ 1. Se decidir comprar sarongues, flores de plástico para o cabelo ou fazer um penteado no estilo Pelourinho esqueça o cartão de crédito, afinal nem luz elétrica tem.

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Mergulho e cultura na Nova Caledônia

O turismo é um dos meios de vida no país descoberto pelos franceses e grande parte dos visitantes vem da Austrália, Japão e França. Na principal universidade de Nouméa, a capital, há estudantes brasileiros. A beleza está por todo o lugar e suas paisagens belíssimas encantam. Diferente de Port Vila, em Vanuatu, a capital de Nova Caledônia tem museus, bares e restaurantes. Você pode comprar um tíquete de ônibus para o dia inteiro e percorrer todos os pontos turísticos por menos de U$5. Visite o Morning Market, o mercado público da cidade na parte da manhã, caminhe em direção a Lemon Beach e Anse Vata Beach, de lá você avista a Duck Island, não muito distante da praia e aberta à visitação. O Melanesian Museum mostra roupas típicas e o armamento usado pelos locais para se protegerem dos estrangeiros quando inicialmente chegaram a Ilha. O país hoje é uma mistura de indonésios, vietnamitas, polinésios e europeus.

Isle of Pines

Ao chegarmos na ilha os nativos nos esperavam apresentando uma dança típica enquanto as mulheres e crianças nos entregavam coroas de flores. Alugamos um carro para rodar cerca de 10 quilômetros pela ilha até acharmos o melhor ponto para mergulhar. A ilha inteira é cercada de pinheiros – pines, em inglês – por isso foi batizada de Isle of Pines. Após atravessar parte da ilha pela água, avistando os altíssimos pinheiros em todos os lugares, foi hora de nadar em uma água transparente e nadar com os peixes que ficam ao redor. Ao sair da ilha, provamos as delícias oferecidas pelas barraquinhas locais.

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Mare

Assim como na Isle of Pines, logo na chegada você encontra diversas barraquinhas com comida local, inspiradas na culinária francesa. Alugue uma bicicleta, passeie pela região e pare na Yejele Beach, a principal atração de Mare. Com mar calmo, transparente e areias brancas, escolha a árvore que oferece mais sombra e descanse na brisa suave que, diferente das outras ilhas, Mare oferece. E esteja preparado para pedalar por mais alguns quilômetros rodeada por muitas belezas.

Confira mais aventuras de Ana Beatriz Freccia Rosa, uma jornalista que ama viajar, no blog O Mundo que eu Vi