Menos de uma semana depois da chegada do aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram ao Android, o Facebook anunciou na última segunda-feira a compra da ferramenta por US$ 1 bilhão. Se até o começo da semana o medo era a “orkutização” do app exclusivo dos descolados usuários de iPhone, agora a dúvida é sobre o uso que o Facebook deve fazer das fotos com cara de antigas dentro de sua rede social.

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Mesmo com a promessa de que nada vá mudar para os usuários do Instagram, é provável que o Facebook tenha objetivos bem definidos com a compra da plataforma. Uma das possibilidades pode ser o aperfeiçoamento da captação de imagens dentro da maior rede social do mundo, aposta o professor Alex Primo, pesquisador de Cibercultura.

– O Facebook pode estar querendo qualificar o serviço de imagens, porque o Instagram tem qualidade de foto e de rede social. O segundo ponto deve ser a publicidade, considerando que o perfil do usuário do Instagram é muito mais específico, ajudando no direcionamento de anúncios – avalia o pesquisador.

Para Samantha Carvalho, diretora da Queen Mob, empresa de comunicação em plataformas móveis, o Facebook busca conhecimento sobre a publicidade neste meio.

– O Facebook tem duas dificuldades ainda: fazer as pessoas usarem o sistema de check-in deles, e não no Foursquare, e vender anúncios nos aplicativos móveis.

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Complementa a série de apostas para a motivação na compra a excelência do Instagram nos dispositivos móveis: a rede social funciona apenas em smartphones e tablets. Se o Facebook tem um bom sistema de compartilhamento, a captação de imagens ainda não é tão boa, destaca Primo.

Com quase dois anos de atividade, o sistema criado por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger era até agora restrito a proprietários de aparelhos da Apple – ao todo, cerca de 30 milhões usuários. Em menos de 24 horas disponível, o Instagram para Android teve 1 milhão de downloads, assumindo o topo de mais baixados da loja Google Play.

Ainda assim, o número é insignificante quando comparado à base de usuários do Facebook: mais de 900 milhões, talvez por isso tanto Mark Zuckerberg, do Facebook, quanto Kevin Systrom, do Instagram, tenham escrito – o primeiro na página de sua rede social, o segundo no blog da empresa – que nada deve mudar na essência das duas redes, que seguem com contatos independentes. O Instagram mantem compartilhamento opcional em outras redes sociais.

Para Michel Lent, sócio da Ponto Mobi, empresa de desenvolvimento e comunicação para mobile, nem a plataforma e nem os usuários devem ser o principal foco de Mark Zuckerberg.

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– A compra deve ter sido dos talentos da equipe do Instagram – aponta Lent.

Ainda para Lent, é provável que haja um cruzamento maior entre Facebook e Instagram nos dispositivos móveis.