Nem sempre é fácil deixar a zona de conforto – no trabalho e na vida -, mas o administrador vegetariano que agora vende comida vegana, a estudante de Publicidade e Propaganda que administra uma loja para nerds e o estudante de Direito que se tornou ator são bons exemplos de que, sim, é possível se arriscar e transformar o hobby em trabalho.
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– Eu vi que estava me tornando uma pessoa que eu não queria ser. Aos 20 anos eu já tinha uma carreira estável, mas estava feliz? Não, eu não estava completo e aquilo me deixava infeliz – comenta Eduardo Francisco Hilcher, que há três anos largou o Direito para transformar o sonho de ser ator em realidade.
Para os colegas de trabalho e para a família, a reviravolta causou espanto: como assim abandonar a carreira estável e o curso de Direito no sétimo período para ir em busca de um sonho? Decidido, Hilcher se matriculou nas aulas da Cia Carona, do Teatro Carlos Gomes, e mergulhou no teatro.
O próximo passo, depois de subir ao palco e chocar os próprios pais durante peça no fim do ano passado que acabou com atores seminus, é embarcar no curso de Teatro, na Universidade de Santa Catarina (Udesc) ou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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Exemplos de pessoas que jogaram tudo para o alto em busca da realização pessoal não faltam em Blumenau. Em meio à crise econômica, o diretor da Praça do Empreendedor de Blumenau, Ivo Alberto Dickmann Junior, conta que desde que o espaço abriu, em junho de 2015, 30,5 mil pessoas buscaram o local:
– Nós estamos tendo uma constância no pedido de Microempreendedor Individual (MEI) principalmente, pessoas que saem de uma atividade de empregado e estão se formalizando ao abrir o próprio negócio. Por concentrar vários serviços no local, desde esclarecimentos até alvarás, a procura têm aumentado – ressalta.
A oportunidade de mudar de vida em meio à crise
Uma pesquisa feita pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – em parceria com o Sebrae e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) – sobre a taxa de empreendedorismo do país em 2015 mostra que três em cada 10 brasileiros entre 18 e 64 anos é dono de empresa ou está ligado à criação de um negócio próprio, lembra o coordenador do Sebrae no Vale do Itajaí, Donizete Böger, ao citar que este é o maior índice da história do levantamento.
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– Isso é reflexo do cenário econômico. As pessoas estão correndo atrás da máquina e apesar de ser um momento complicado economicamente, é de invenção e de criação. O importante é se programar na abertura de um novo negócio. Aqui no Sebrae percebemos uma aumento bastante forte na procura por novos negócios, principalmente do microempreendedor individual. Temos no Estado cerca de 210 mil microempreendedores individuais, o que já equivale a 50% das empresas formais de Santa Catarina – ressalta.
O aventureiro Juliano Sant’Ana, sócio-proprietário na empresa Target Aventura e Treinamento e da empresa Caza Comunicação e Arquitetura, é um dos que transformou o hobby em trabalho e conta em palestras parte da experiência pessoal.
Ao lado dos amigos ele encarou o desafio de escalar montanhas e viu a oportunidade de investir na área da aventura. Agora, tenta motivar pessoas a buscarem a realização dos próprios sonhos. Sobre o que é preciso ser avaliado na hora de investir no hobby, Sant’Ana dá dicas:
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– Existem vários fatores. Um deles é a ansiedade, pois ela trata de emoção, paixão e isto tudo leva à felicidade, mas também pode cegar e atrapalhar o planejamento. Um bom controle emocional transmitirá foco e razão, além de doses extras de paciência para transformar o hobby em negócio. Outro ponto é a viabilidade. Estudar mercado, concorrência, investimentos, planejar detalhadamente. Com informações na mão, fica fácil montar um roteiro de transformação da ideia em negócio – recomenda.