Quando colocou os pés em Joinville pela primeira vez, Antônio Valdemar Kuss viu uma festa acontecendo em frente ao Batalhão de Infantaria. Ele ainda não sabia, mas era dia do aniversário da cidade que ele adotaria para morar para sempre. Talvez por chegar em festa, decidiu viver do mesmo jeito e nada tirou o bom humor de seu Antônio. Hoje, os pequenos prazeres são aqueles que mais encantam o aposentado de 75 anos. Isso faz com que ele seja um dos rostos mais conhecidos de um lugar onde o contato é transitório: a rodoviária de Joinville, local onde Antônio não fica quieto. Sempre tem alguém para cumprimentar, conversar e ouvir uma boa história.

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– Tem gente que não acredita, que acha que é exagero. Mas é tudo verdade -, afirma ele.

As histórias referem-se àquelas de uma Joinville que não existe mais – a mesma que estava em festa quando o mafrense a conheceu, em 1958. Ele tinha 17 anos e buscava um outro futuro longe da roça. Passou então três décadas trabalhando nas fundições das metalúrgicas Tupy e Schulz. O serviço era pesado nos anos 1960 e 70, mas a alma de Antônio voava quando estava do longe dos fornos.

Era assim que vivia histórias que hoje soam inacreditáveis, como no dia em que participou de uma corrida de cavalos em Joinville.

– Treinei com o cavalo de um lado só da rua. No dia da corrida, o trajeto era para o outro lado e o cavalo se confundiu. Caímos numa valeta e o cavalo morreu -, conta ele.

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Naquele tempo, as corridas de cavalo e de bicicleta faziam parte do dia a dia do fundista. Hoje, os passeios a cavalo pela cidade ficaram na história, mas a bicicleta é companhia diária.

– Desde que me aposentei, o médico disse pra fazer exercícios na rua. Andar de bicicleta, subir morro… Então, é o que eu faço: todos os dias, ando 25 quilômetros de bicicleta, passo pela cidade inteira -, afirma.

Nas outras horas do dia, o destino é a rodoviária. Antônio nunca pega o ônibus, mas conhece gente que viaja todos os dias. O local é seu vizinho há quase 40 anos.