Mir foi uma das pessoas que mais lutou pela arte e pela cultura de Joinville

A opinião é de Franzoi Carlos, artista visual e professor universitário sobre o colega hispano-brasileiro Antonio Mir, morto neste sábado (22) em Itajaí, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Franzoi inclusive contou um autorretrato do artista plástico em uma exposição na qual foi curador em setembro, uma das últimas homenagens que Mir recebeu em vida.

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Antonio Mir é consagrado como um dos principais nomes da arte joinvilense desde a década de 1970, quando ajudou a estabelecer as primeiras edições da Coletiva de Artistas de Joinville, com o intuito de incentivar e divulgar a produção dos artistas locais. Junto dele, também fizeram parte nomes como Juarez Machado e Luiz Henrique Schwanke.

A ação, iniciada em 1971, seguiu ativa por 41 edições ininterruptas até 2012, sendo um dos mais tradicionais eventos de artes visuais em Santa Catarina. Nos últimos anos porém, a Coletiva passou a ser promovida sob dificuldade e busca viabilizar sua 46ª edição (que seria originalmente em 2016), para acontecer em 2019.

— Esse é um dos seus maiores legados (de Mir), porque deu visibilidade para a arte joinvilense e levou ao surgimento do Museu de Arte de Joinville (Joinville). Ele também foi um dos responsáveis por trazer a arte moderna à cidade e seu reconhecimento no mundo deixa o legado de que é possível um artista de Joinville sonhar alto — completa, Franzoi.

A morte de Antonio Mir

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O artista plástico espanhol radicado em Joinville faleceu aos 68 anos de idade vítima de parada cardiorrespiratória em Itajaí, no Vale, onde residia há quatro anos sob os cuidados da filha, Thamara Mir. A morte ocorreu no hospital às 11h35 em complicação a uma anemia.

O velório do artista está marcado para ter início às 19 horas deste sábado na Capela II da Mortuária Borba Gato e seu sepultamento acontece no domingo (23), às 11 horas, no Cemitério Municipal de Joinville.

Vida dedicada à arte

Nascido em Lorca, na Espanha, em 1950, Antonio Mir migrou com seus pais ainda pequeno para o Sul do Brasil, com apenas oito anos de idade. Radicou-se brasileiro e no País estabeleceu residência em Joinville, local que escolheu para viver e fez história na arte como um dos principais artistas da cidade.

Com apenas 23 anos foi convidado para participar da Bienal de São Paulo e em sua trajetória fez parte da criação de importantes movimentos em prol da arte na cidade, como a reconhecida Coletiva de Artistas de Joinville. Morou também em São Francisco do Sul e retornou à Espanha na década de 1990, montando estúdios em Galícia, Barcelona e Puerto de Mazarron. Chegou a realizar exposições no seu país de origem, além de Itália, Estados Unidos e Alemanha.

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Reconhecido internacionalmente por sua obra, o artista hispano-brasileiro precisou se afastar das telas e dos pincéis depois de ter os movimentos dificultados por uma peritonite (perfuração no intestino), que o deixou meses internado na UTI em 2008, e na sequência dependente de uma cadeira de rodas.

Apesar de mais de dez anos sem poder expressar seu talento, o legado de suas obras fica presente nos trabalhos dedicados e reconhecidos desde a década de 1970, e por seus prêmios e homenagens. Dentre as condecorações está o título de Cidadão Honorário de São Francisco do Sul, a Medalha Anita Garibaldi – esta oferecida pelo Governo de Santa Catarina, e a Medalha ao Mérito Civil da Casa Rainha Isabel, na Espanha.