Primeira mulher negra eleita deputada no Brasil, a catarinense Antonieta de Barros lutou pelo direito das mulheres. Nascida em 1901, em Florianópolis, foi incluída, neste ano, no livro de Heróis e Heroínas da Pátria pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Neste dia Internacional da Mulher, o g1 SC conversou com profissionais que têm a trajetória de Antonieta como exemplo.
Educação

Antonieta elaborou o projeto de lei que criou o Dia do Professor em Santa Catarina, 15 anos antes de a data ser reconhecida nacionalmente em 15 de outubro.
Participou de movimentos para alfabetização de adultos em uma de suas várias “camadas na educação”, como descreve a pesquisadora e escritora Jeruse Romão.
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Antonieta foi inspiração para Sônia Carvalho, que virou professora em Florianópolis. Responsável pela modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Capital, a educadora vê na trajetória da ex-deputada o mesmo esforço que enxerga nas “muitas Antonietas” que passam pelo projeto.
Para Sônia, o ensino tem potencial para construir uma sociedade antirracista, uma luta também dividida pela ex-deputada.
– A educação vem como uma grande paixão e uma certeza de que é possível propor mudanças, fazer com que as pessoas possam mudar o jeito de ser, de viver e de estar no mundo – explica a professora.
Arte

Uma das áreas de atuação de Antonieta é a arte, que virou inspiração na música e vida da paulista Dandara Manoela, radicada em Florianópolis.
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A artista conheceu a história de Antonieta há nove anos, quando chegou ao Estado para estudar na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No clipe “Pretas Yabás” lançado em 2020, o rosto de Antonieta aparece estampado em um mural de 32 metros de altura por nove de largura. A caricatura foi feita 2019 em uma das ruas mais movimentadas de Florianópolis.
– Ocupar e substituir uma das principais ruas do Centro de Florianópolis pelo nome da Antonieta é, simbolicamente, uma forma de a gente continuar falando e conhecendo essa mulher que é referência para os nossos dias atuais – afirma a artista.
Pioneira

Antonieta foi pioneira em muitas áreas: a primeira deputada estadual negra do Brasil, a primeira deputada mulher no parlamento catarinense e a primeira a assumir a presidência da Alesc.
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O espírito de liderança de Antonieta inspirou a titular da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Araranguá, Eliane Chaves.
Atuando em um ambiente predominantemente masculino, assim como Antonieta na política, a delegada destaca a importância da ex-deputada na busca por mudança e emancipação.
– É incrível que até hoje a mulher precisa brigar pelo seu espaço e imaginar que na década de 1930 uma mulher assumiu esse papel que ela assumiu. É muito inspiradora sua história – afirma Eliane.
– A vida da Antonieta inteira é atravessada pela energia da coragem. Uma coisa é ter alguém para ser bússola, para orientar, mas ela não. Ela foi a primeira a ocupar esses lugares – completa Jeruse Romão, autora da biografia da ex-deputada.
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A pesquisadora ainda reforça que Antonieta era “uma mulher filha de uma mulher escravizada”.
– No tempo histórico que ela viveu, se pegava com a mão a escravidão. Se eu estou em 2023 lutando contra o racismo, imagine Antonieta – conclui.