As forças que combatem os extremistas na Síria apoiadas pelos Estados Unidos lançaram nesta quinta-feira um ultimato de 48 horas aos combatentes do Estado Islâmico (EI) para que deixem a cidade de Manbij, dois dias após os bombardeios da coalizão que mataram dezenas de pessoas nesta cidade.
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Com a ajuda dos ataques aéreos da coalizão internacional liderada por Washington, as Forças Democráticas Sírias (FDS) tentam desde 31 de maio recuperar o controle de Manbij, que servia de eixo de abastecimento para os extremistas.
As FDS conseguiram entrar nesta cidade da província de Aleppo, mas enfrentam a resistência dos extremistas.
“Para preservar as vidas dos civis (…) e salvar a cidade, anunciamos que aceitamos a iniciativa e prevemos a saída dos combatentes do EI entrincheirados”, indicou o Conselho Militar de Manbij, que faz parte das FDS.
“Os combatentes vão ter 48 horas a partir da publicação deste comunicado (…) e esta iniciativa é a última oportunidade”, explica.
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Também nesta quinta-feira, a ONU solicitou uma trégua de 48 horas a cada semana para distribuir ajuda humanitária aos 250.000 sírios bloqueados na zona oeste da cidade de Aleppo, controlada pelos rebeldes e assediada pelo exército do regime de Bashar al-Assad.
“Os comboios humanitários, os funcionários, tudo está pronto. Agora precisamos de uma janela de 48 horas de trégua por semana para chegar a esta parte de Aleppo”, explicou em Genebra Jan Egeland, que dirige o grupo de trabalho da ONU para a ajuda humanitária na Síria.
Nesta quinta, ao menos 43 civis, incluindo 11 crianças, morreram nos bombardeios, realizados principalmente pelo regime, contra áreas controladas pela rebelião, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
‘Pressão midiática’
A iniciativa na cidade de Manbij teria sido proposta por líderes tribais esta semana e foi aceita “depois que o EI passou a utilizar os civis como escudos humanos e por causa da pressão midiática”, segundo uma fonte que pediu anonimato.
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Ao menos 56 civis, incluindo 11 crianças, morreram na terça-feira nos ataques da coalizão em Al-Tujar, perto de Manbij.
Os Estados Unidos reconheceram que realizam bombardeios perto de Manbij e asseguraram que vão investigar o incidente.
Os ataques foram denunciados pelo Unicef, que lamentou a morte de “mais de 20 crianças”.
Paralelamente, ativistas sírios convocaram nesta quinta-feira manifestações no domingo em todo o mundo.
Várias organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, pediram à coalizão “que multiplique os esforços para evitar vítimas civis”.
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A coalizão internacional reconheceu até agora a morte de 41 civis nesta campanha contra o EI no Iraque e na Síria. Mas de acordo com o OSDH, apenas na Síria o número de civis mortos nesses ataques é 478 desde 2014.
Em meio ao caos na Síria, a Frente Al-Nosra, facção síria da Al-Qaeda, executou 14 reféns acusados de lutar nas forças do presidente Bashar Al-Assad. Em um vídeo divulgado na internet nesta quinta-feira, a organização mostra os 14 presos baleados na cabeça.
A guerra na Síria já causou desde 2011 mais de 280.000 mortos e forçou milhões de pessoas a fugir para países vizinhos e Europa.
* AFP