Paredes pichadas, restos de comida, vidros quebrados e muito lixo. É desta maneira que está a antiga sede do Restaurante Frohsinn, fechado desde outubro, quando a prefeitura retirou o mobiliário após reintegração de posse por meio de uma decisão judicial (leia o histórico). De tradicional ícone da gastronomia alemã, a casa em estilo enxaimel passou a ser apenas um imóvel abandonado e solitário no alto do Morro do Aipim, no Bairro Vorstadt.

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De acordo com o secretário de Turismo, Ricardo Stodieck, no início do ano, havia vigias contratados pela prefeitura, mas deixaram de prestar o serviço por falta de segurança. Toda a fiação elétrica foi furtada. Atualmente, segundo o secretário, a Polícia Militar (PM) faz rondas para inibir que o espaço seja depredado. Rafael Rodrigues, 28 anos, que trabalhou dois anos como copeiro do Frohsinn e mora na rua do restaurante, reclama que a PM quase não passa por ali e todo dia há gente que ocupa o imóvel para usar drogas e beber.

– Cresci aqui. Dá tristeza pensar que a estrutura, que já recebeu celebridades e gente importante, como o 1º Ministro da Alemanha, está em decadência – lamenta Rodrigues.

Segundo ele, os próprios moradores da rua colocaram troncos de árvore na entrada do terreno para impedir a passagem de carros, já que jovens se reuniam para ouvir som alto quase todos os dias. O morador espera que o ponto turístico volte a funcionar:

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– Deveriam passar o imóvel para a iniciativa privada, já que a prefeitura não deu conta. Do jeito que era antes, também não daria certo porque o restaurante estava falindo.

De acordo com comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, Claudio Roberto Koglin, são feitas rondas no local. Quando os policiais chegam, os adolescentes saem correndo e o Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) é acionado. Mas ele alerta:

– Enquanto não houver ocupação do espaço, nada será resolvido. É preciso botar vida no local. Qualquer espaço fechado em Blumenau, vai ser ocupado por jovens, e não vai ser a polícia que vai resolver este problema.

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Local terá monitoramento eletrônico

Para impedir que pessoas entrem e depredem a casa enxaimel no Morro do Aipim, o secretário de Turismo, Ricardo Stodieck, afirma que o espaço irá receber sistema de monitoramento, além do fechamento das entradas do antigo restaurante. Cinco câmeras, alarme e cerca elétrica serão instaladas nas próximas semanas. O serviço 24 horas por dia será feito pela empresa Khronos Segurança Privada durante três meses e custará R$ 7,9 mil. Segundo a Secretaria de Turismo, o serviço dispensa licitação já que o valor é abaixo de R$ 8 mil. Durante esse período, será aberta licitação para que o sistema de monitoramento permaneça até que o imóvel seja ocupado.

– Preferencialmente, queremos vender ao setor privado, a exemplo do Moinho do Vale. O modelo antigo de concessão não deu certo, por isso, queremos que invistam com qualidade no local – revela Stodieck.

Segundo ele, o que impede, no momento, a venda do Frohsinn é a questão patrimonial. A matrícula do imóvel é antiga e há áreas invadidas nos arredores. O secretário espera que em duas semanas a planta do imóvel esteja pronta.

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Professora e pesquisadora em Turismo, Margarita Barretto, frequentava o local na década de 90 e acredita que deve ser feito um trabalho para resgatar o ponto turístico, um ícone de Blumenau:

– Todo investimento em lazer e cultura é melhor feito pelo setor privado. O espaço deveria voltar a ser um restaurante, que blumenauenses e turistas pudessem frequentar todos os dias. O ponto é um chamariz para a cidade. Tinha gente que só vinha pra cá para comer no Frohsinn. Isso deve ser resgatado.

Veja aqui galeria de fotos do imóvel