Talvez você nunca tenha visto um jogo de Jean Chera, mas provavelmente já ouviu esse nome. Em 2006, ganhou força na mídia quando foi listado como uma das três principais joias do Santos — ao lado de Gabigol e Neymar — por Lima, ex-jogador e técnico das divisões de base do clube. O camisa 10 da “Santástica Fábrica de Craques” chegou a ganhar salários de R$ 30 mil por mês antes mesmo de completar 15 anos. Ainda criança, tinha responsabilidades de um jogador profissional, o que atrapalhou seu desenvolvimento natural no futebol.
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— Foi uma das coisas que me atrapalhou a engrenar. Era muito novinho e a pressão era grande com nove, 10 anos, chegando ao Santos. Foi criada uma expectativa em torno de mim, que fugia das minhas mãos. Diretoria e empresários ficavam em cima — conta Jean.
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O sucesso precoce pode ter tirado o foco da formação do jogador nas divisões de base, e sua carreira não tomou o rumo esperado por todos. Chamado de “Messi do Mato Grosso”, teve caminho bem diferente do craque argentino e nem chegou a estrear profissionalmente pelo Peixe. Com apenas 21 anos de idade, o meia canhoto passou por mais de 10 times na carreira, desde gigantes como Flamengo e Cruzeiro, times pequenos da Grécia, Romênia e Espanha, até chegar ao modesto Sinop-MT, onde começa a reconstruir sua trajetória. E garante ter mudado sua postura depois de tantas frustrações em pouco tempo e por um motivo especial que o motiva a cada dia.
— Estou bem focado. Depois que meu filho Léo nasceu (em agosto de 2016), mudou minha vida completamente. Vejo o futebol com outros olhos. Quero que ele veja o pai dele e se espelhe. Estou treinando, trabalhando duro aqui no Sinop-MT e temos um ano cheio de competições. Espero ficar aqui por uns dois anos e adquirir o ritmo pra voltar a jogar. Depois disso, vamos ver o que acontece — disse o meia, ainda esperançoso com o futuro no futebol.
Hoje, busca o recomeço em seu estado natal. Jean sabe que a chance dada pelo Sinop-MT pode ser a última de se reerguer como atleta profissional. O jogador foi bem acolhido no elenco, onde se sente em casa. A fama de eterna promessa que carrega desde cedo foi um carma durante os últimos anos.
— Eu tive problemas com isso em outros clubes que passei, mas aqui já estou há dois meses treinando e fui superbem recebido pelos jogadores. Nossa convivência é muito boa. Procuro ajudar meus companheiros e sou ajudado também.
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