A partir do momento em que entraram pela primeira vez como alunos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, os jovens aspirantes a bailarinos precisam saber que terão câmeras fotográficas e filmadoras apontadas para eles inúmeras vezes nos próximos anos. A instituição, por ser a única filial da escola fora da Rússia, está sempre sob os holofotes, e é comum que seus estudantes sejam entrevistados e convidados para programas exibidos em rede nacional.
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Nesta segunda-feira, 15 de fevereiro, 63 crianças e adolescentes passaram pela primeira vez pelas portas da escola para unirem-se aos “veteranos”, totalizando 241 alunos divididos nas oito séries do Bolshoi Brasil. Alguns deles, no entanto, já ganharam experiência antes mesmo de chegarem em Joinville.
Uma delas é a paulista Nicole Alves Magalhães, dez anos. Em novembro do ano passado, a menina foi ao programa Encontro com Fátima Bernardes, na TV Globo, para contar, ao lado da mãe, a experiência de ser selecionada entre mais de 1.500 participantes nos testes para entrar no Bolshoi e, agora, precisar se mudar sozinha para uma cidade desconhecida.

– Foi uma sensação muito intensa – conta Nicolle, que compreendeu ali o quanto era especial estar entre os selecionados para a 1ª série do Bolshoi – Antes, eu sonhava em ser bailarina, mas, agora, eu tenho certeza de que serei.
Pouco depois da passagem de Nicolle, foi a vez de Enzo Santos de Jesus, também de dez anos, subir ao palco do programa matinal. Ele conversou com o apresentador Felipe Andreoli e até mostrou uma coreografia de dança clássica, emocionando a apresentadora Ana Furtado e os convidados, que encheram o garoto de elogios.
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O amapaense Jardel Lobato da Costa, que também ingressa na primeira série neste ano, foi assunto no Estado de origem: ele foi um dos dois selecionados em 2016 no Amapá e teve o nome publicado em sites e jornais, além de aparecer nos telejornais de Macapá.
Para a coordenadora do apoio educacional da Escola Bolshoi, Bernadéte Costa, o fato de os estudantes tornarem-se assunto de reportagens ao serem selecionados para a instituição reflete a importância conquistada ao longo de pouco mais de uma década e meia, atendendo jovens do Brasil inteiro.
– Quando nos instalamos em Joinville, praticamente todos os alunos eram joinvilenses. Hoje, temos estudantes vindos de 22 Estados brasileiras, e esta abrangência também chama a atenção – avalia.
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A coordenadora de comunicação do Bolshoi, Albenize Ballen Bueno, acredita que o fato de a concorrência para conquistar uma vaga do Bolshoi ter aumentado em níveis de disputas para grandes universidades – no ano passado era de 70 candidatos por vaga – também fez com que o simples fato de ser um selecionado virasse pauta.
– Com isso, a Escola torna-se conhecida e é apresentada como um lugar sério, que tem uma base forte.
As profissionais chamam atenção, no entanto, para os perigos da exposição exagerada. Às vezes, o orgulho faz com que a família ou a cidade natal da criança excedam na busca por atenção, o que pode levar o estudante a sentir demais a pressão sobre esta conquista.
– Há expectativa demais sobre o aluno e nossa preocupação com esta criança redobra. É necessário conversar com ela e esclarecer que passar na seleção é especial, mas há muito trabalho pela frente – explica Bernadete.
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