O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez, nesta quarta-feira, um discurso emotivo sobre o papel da Casa no processo de impeachment. Ele afirmou que os senadores podem ter cometido erros, mas a beleza da democracia é que ela se corrige continuamente. Na sequência, Renan votou a favor da cassação do mandato de Dilma.
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— Um dia a história nos julgará e nossa única certeza será de que não nos omitimos — comentou.
O presidente do Senado disse que é unanimidade nos poderes democráticos que juntos estarão decidindo o destino da nação.
— É algo mais amplo e sólido, não estamos submetidos ao sectarismo de um quórum momentâneo — frisou.
E citando uma das figuras mais emblemáticas de seu partido, o falecido Ulysses Guimarães, mostrou um exemplar da Constituição de 1988, cujo processo foi conduzido por Ulysses no parlamento.
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Em seu pronunciamento, Renan disse que seja qual fosse a decisão tomada pela Casa, ela teria o DNA da democracia, da Constituição. Para ele, é preciso deixar o jeitinho brasileiro de lado e aprimorar a legislação.
O peemedebista elogiou também o trabalho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que preside as sessões do processo de impeachment de Dilma Rousseff, citando sua “sobriedade” e classificando-o de grande magistrado.
— Lewandowski conduziu este processo com mão firme e norte claro, e nos trouxe hoje a um porto seguro e a sua contribuição ao País irá reverberar por sucessivas gerações.
Para Renan, o Brasil percorreu uma estrada de legitimidade muito bem pavimentada e sinalizada pela Constituição:
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— Questionamentos existirão, mas a culpa não será da rota, da Constituição, da democracia, não fomos muito lentos para procrastinar e nem céleres a ponto de atropelar garantias, a árvore desse fruto não irá gerar um fruto podre porque esta árvore tem em todos os seus ramos, falhos e folhas a seiva da democracia. — A democracia não é o melhor regime porque é infalível, mas porque corrige suas próprias imperfeições, sob o mando soberano do povo. Temos de enfrentar premissas. Podemos estar cometendo erros? Sim, mas a grande e insofismável verdade, eis a grandeza da democracia, é que se errarmos, a democracia se corrigirá e povo nos corrigirá. A democracia é falha porque é humana, mas sublime porque se aceita imperfeita e admite se corrigir continuamente — completou.
Na avaliação do presidente do Senado, num processo de impeachment a vítima é sempre a sociedade brasileira. E destacou a necessidade de se reinventar a política de maneira permanente. No final do discurso, Renan citou novamente Ulysses Guimarães:
— É caminhando que se abre o caminho.
Renan parabenizou os senadores e disse que eles praticaram a democracia com o que a política tem de mais elevado. Mesmo assim, o presidente do Senado pediu desculpas ao país por qualquer atitude mais contundente e passional.
— Vossas excelências praticaram a política no mais alto nível, à luz do dia, no calor do debate, do confronto de ideias.
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O senador afirmou que os parlamentares demonstraram para a nação o que a política brasileira tem “de mais elevado”.
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