O nome completo é Maziyar Karimi Malekabadi, mas pode chamar de Mazi. Aos 30 anos de idade, ele é dono de um movimentado food truck de comidas árabes na região central de Blumenau, no Vale do Itajaí. Na cidade de origens alemãs, o rapaz vindo do Irã e sem saber o português tão bem, sofreu até conseguir oportunidades de emprego e passou até pelas tradicionais enchentes que atingem a região, mas manteve sempre na cabeça uma ideia: devia sempre tentar.
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Foi tentando e tentando que Mazi se estabeleceu no Brasil. Ele chegou ao país em setembro de 2015, após deixar o Irã por conta de problemas no país e não gostar do governo. Veio para São Paulo sem saber falar português e procurou um amigo iraniano em busca de ajuda nos primeiros meses. Com um bilhete escrito em português pelo amigo, Mazi rodou a cidade em busca de emprego, até conseguir trabalho em uma oficina de carros. Sem carteira de trabalho, era explorado pelo chefe e não ficou muito tempo, até conseguir trabalhar com o que aprendeu na terra natal com o pai: vender baterias automotivas.
— Fiquei em São Paulo trabalhando com baterias, mas depois de cinco ou seis meses eu não gostava mais de lá. Eu falava para os meus amigos que eu queria um lugar mais calmo, mais organizado. Até pensei em voltar para o Irã, mas eles falaram para eu procurar outras cidades no Brasil. Indicaram o Sul e eu fui procurar no Google. Eu digitava os nomes errado, mas o Google arrumava. Vi vários lugares, mas gostei mesmo de Blumenau e Floripa — lembra.
Mazi chegou em Blumenau no fim de setembro de 2016, uma semana antes da Oktoberfest. Logo de cara gostou da cidade que encontrou, com a tranquilidade que ele buscava no Brasil e não havia achado em São Paulo. Logo no primeiro dia já foi para a rua procurar emprego. Ele já estava melhor no idioma, mas ainda recebia como resposta nas entrevistas "você não fala português direito".
Foram cinco meses de desemprego até os primeiros bicos lavando copos em restaurantes. Até que Mazi resolveu usar o dinheiro que ainda tinha no Irã para investir em algo em Blumenau. Não quis voltar para as baterias e notou que não haviam muitas opções de comida árabe na cidade. Foi então que surgiu a ideia do food truck, que inicialmente servia quatro lanches tradicionais que ele sabia fazer. Depois de dois anos em Blumenau, Mazi trouxe para SC um primo que morava no Irã. Também sem falar português, o rapaz trabalhou no food truck por alguns meses até conseguir emprego em uma indústria da cidade.
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— Pensei em algo que eu conseguia fazer, sem precisar de um chef, um tipo de comida simples. O pessoal gostou e foi dando certo. Eu vejo que o pessoal aqui é muito educado, ajuda muito a gente. Fui aprendendo o português com as pessoas, com os amigos. Hoje eu tô muito bem aqui.
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