Antes de ser aterrada, Baía Norte, em Florianópolis, tinha águas limpas próprias para o banho

A água limpa e o perfume de maresia da Baía Norte ficaram na memória de pessoas que conheceram as praias e os sete trapiches onde hoje é a Avenida Beira-Mar Norte. A Praia do Müller ficava entre as Rua Duarte Schutel e a Praça dos Namorados.

A continuação era a Praia de Fora, da praça até perto da Av. Mauro Ramos. E na sequência, ficava a Praia de São Luiz. Na década de 1960, as praias foram aterradas para receber a avenida, uma das mais importantes vias da cidade, que liga o Centro à Trindade e ao Norte da Ilha.

A Avenida Beira-Mar Norte tem atualmente o mar mais poluído de Florianópolis.

O que você acha que deveria ser feito para melhorar Floripa?

As empresárias e irmãs Anita e Sílvia Hoepcke da Silva aproveitaram as águas da Baía Norte quando eram limpas, na década de 1950.

– O mar era manso, a água agradável. E não era muito fria. Dava pé no mar da Baía Norte – relembra Anita, que tinha uma casa na Rua Bocaiúva com duas frentes. Uma para a rua e a outra para a areia grossa e o mar, onde a avenida foi construída.

Veja a galeria de fotos que mostra a evolução da Avenida Beira-Mar Norte

Na época, as casas davam fundos para o mar. A maioria dos moradores tinha canoas, bateiras e lanchas. As irmãs esquiavam e andavam de lancha, que ficava atracada na garagem de barcos da casa.

– Era ótimo, a água era transparente dependendo do dia, as pessoas pescavam. O ambiente agradável e simples vamos perdendo por causa do progresso, que é muito bom, mas traz consigo desvantagens como a poluição. Temos que cuidar do meio ambiente – observou Sílvia, que frequentava a Praia de Fora, mas também ia no balneário da moda na época, a praia de Coqueiros.

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O geógrafo David Vieira da Rosa Fernandes conta que a Praia do Müller tinha faixa de areia de 30 metros. Com quatro anos de idade, ele lembra de subir nas pedras para pular no mar. Tinha bastante peixe, até camarão.

– Dói ver tudo poluído. Se parassem de jogar esgoto na área das baías, naturalmente a correnteza e os ventos limpariam, e em dois anos estaria despoluída – afirma Fernandes.

A Fatma confirmou a informação, mas acrescentou que seria necessário também um trabalho de desassoreamento, porque o lodo formado por esgoto sólido ainda permaneceria no fundo do mar.