A Câmara de Vereadores de Florianópolis vai ouvir no início da tarde de segunda-feira as explicações do empresário Doreni Caramori sobre supostas irregularidades no evento realizado por sua empresa para o aniversário da cidade, em 23 de março. A festa não teve aporte de recursos públicos, mas o empresário é alvo de uma denúncia anônima de tráfico de interesse — levando em conta que ocupa o cargo de secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Florianópolis.

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Um dossiê apresentado aos vereadores levou ao requerimento para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que recebeu endosso de 15 dos 23 parlamentares. Enquanto a Procuradoria da Câmara analisa a constitucionalidade do pedido, Caramori vai ter a chance de se explicar graças a outro requerimento, aprovado terça-feira a pedido do vereador Maikon Costa (PSDB), que também assinou a CPI.

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— Vamos fazer essa tirada de dúvida coletiva, sem problema nenhum. De minha parte sempre achei que seria o método mais simples, direto e objetivo de sanar qualquer dúvida dos pontos levantados anonimamente — afirma o empresário, que também é presidente municipal do DEM.

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Na carta anônima entregue aos vereadores, o empresário é acusado de favorecimento em eventos públicos na Capital. No caso específico do show realizado no aniversário de Florianópolis, a acusação é de que Caramori teria captado R$ 500 mil junto à companhia de bebidas Ambev para a realização da festa mediante uma comissão de R$ 150 mil.

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— É precoce tirar conclusões com base em um documento apócrifo, mas a principal dúvida a ser tirada é se houve tráfico de influência — afirma Maikon Costa.

Caramori afirma que ofereceu sua empresa para captar patrocínios e realizar o evento. Nega que tenha tido lucro na operação, embora ressalte não ver irregularidade caso tivesse acontecido.

Minha empresa desenvolveu o projeto e fez a captação do recurso do projeto. E realizou o evento. A empresa desenhou o evento, alinhou com os objetivos da marca e realizou o evento.

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O empresário nega a acusação de tráfico de influência e afirma que sua função no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social é apenas consultiva. Aponta motivações ideológicas na crítica ao modelo de parceria público-privada implantado na festa de aniversário da cidade.

— Se participar de um cargo consultivo no poder público inviabilizar um alvará para o Folianópolis ou qualquer uma das atividades da minha empresa, obviamente que nem eu e nem nenhuma pessoa que tenha empresa ou negócio pode participar da prefeitura — afirma.

A Câmara vai ouvir Caramori em sessão extraordinária a partir das 14 horas de segunda-feira. Enquanto a CPI não for instalada, os vereador que assinaram o pedido tem o direito de desistir do endosso. O número mínimo de apoios necessários para garantir a investigação é de oito parlamentares. A oposição formal ao prefeito Gean Loureiro (PMDB) conta hoje com sete integrantes.

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— Se alguns vereadores acharem interessante retirar as assinaturas e ficarem menos de oito, aí não tem CPI. Mas acredito que não deva acontecer, é o sentimento que tenho — afirma Maikon Costa.