Usuários de todo o mundo foram impactados pelo apagão das redes sociais registrado entre a tarde e noite de segunda-feira (04). Facebook, Instagram e WhatsApp ficaram fora de operação durante pouco mais de seis horas e isso pareceu uma eternidade para alguns usuários. Em plataformas que não foram afetadas, como o Twitter e o TikTok, disparou o número de pessoas relatando ansiedade e até mesmo “surtos” pela falta das redes. E essa reação ao apagão acendeu o alerta para a maneira como os aplicativos são usados atualmente. Em entrevista à CBN Joinville nesta terça-feira (05), o psicólogo Pierre Patrick Pires comentou que o uso demasiado dos aplicativos pode ter relação com uma tentativa de fulga dos problemas reais.
Continua depois da publicidade
— A rotina talvez esteja tão massante ou a realidade esteja tão difícil de enfrentar, que nós vamos nos enconder muitas vezes nas redes sociais — comentou.
De 2020 para 2021 notou-se um aumento de 40% no tempo de uso diário dos celulares, segundo o psicólogo. Dado impulsionado pela pandemia e pelos períodos de isolamento social. E é aí que mora o perigo. É preciso buscar relacionamentos saudáveis e equilibrados, seja com as pessoas, com os meios de comunicação, com os smartphones, entre outros. Passando mais tempo em frente às telas e mais tempo conectado, o apagão registrado nesta segunda só deixou ainda mais evidente como as pessoas estão cada vez mais reféns das redes sociais.
— Essa queda de ontem demonstra que as pessoas, de fato, estão ficando dependentes desses meios de comunicação — apontou Pires.
Durante a entrevista o psicólogo chamou a atenção de quantas vezes por dia as pessoas param suas rotinas para checarem mensagens no celular, sem nem mesmo o aparelho ter notificado que há conteúdo novo. Segundo ele, isso é uma mostra de como está cada vez mais difícil dos usuários lidarem com a ansiedade. Um caminho apontado pelo especialista é tentar fazer uma reflexão pessoal para identificar quais são os motivadores que levam a essa busca incessante pelos conteúdos digitais. Pierre destacou ainda que o fato de ir a todo momento para a tela do smartphone, sem nenhum motivo aparente ou que justifique, é a forma como o cérebro tenta fugir do momento atual, já que não se tem paciência por esperar.
Continua depois da publicidade
— Ansiedade já é isso: uma dificuldade de permanecer no presente. Nós estamos, a todo momento, não dando conta do agora — frisou.
> Acesse para receber notícias de Joinville e região pelo WhatsApp
Estudos recentes já mostram que a pessoa que não consegue ficar longe do celular por muito tempo pode ter desenvolvido um transtorno chamado nomofobia. O psicólogo apontou algumas dicas práticas que podem contribuir no melhor uso das redes sociais, como desativar notificações; excluir aplicativos desnecessários ou ainda definir horários na agenda para cada momento, incluindo horários para navegar nas redes sociais. O especialista ainda falou que é possível mudar hábitos para um melhor consumo dos apps, mas que também buscar ajuda pode ser um caminho importante.
— Aquela sensação que de está perdendo informações ou que, quando está sem ele [celular], fica excessivamente entedidado, aí é um sinal vermelho — destacou Pires.
O uso excessivo de celulares pode ocasionar diversos problemas de saúde. Antes de dormir, por exemplo, a exposição à tela e a informação a todo instante fazem o cérebro trabalhar mais, quando, na verdade, era o momento de desacelerar rumo ao descanso. E o efeito disso é uam cascata: o sono perde qualidade e consequentemente o dia seguinte será ainda mais puxado.
Continua depois da publicidade
> Uso excessivo do celular pode causar vício e problemas psicológicos
Ao utilizar smartphones, o cérebro ativa um sistema neurológico chamado sistema de recompensa, que é um circuito em que o cérebro recebe uma atividade que entende ser prazerosa e recompensa o corpo, liberando neurotransmissores que causam boas sensações, como a dopamina e a seoronina. Por isso, buscar formas saudáveis de ativar essa estrutura é fundamental para manter a saúde em dia, segundo o psicólogo. Praticar atividades físicas, ler bons livros, tocar algum instrumento musical ou realizar qualquer outra atividade que lhe cause prazer, ajuda a aumentar a saciedade do corpo e a reduzir a necessidade de estar conectado o tempo todo.
— As pessoas precisam encontrar outras formas de prazer na vida que não somente ficar passando vídeos — comentou.