Uma pesquisa divulgada no início de junho pelo Instituto Ipso coloca o Brasil no topo da lista, entre 16 países, em que a população mais sofre com ansiedade por causa da pandemia do novo coronavírus. Diante deste cenário, a psicóloga Letícia Cerutti lembra que a ansiedade é um mecanismo normal do funcionamento psíquico e até saudável, mas é também um alerta quando ultrapassa dos limites e se transforma em patologia.

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Segundo os dados levantados entre 16 mil adultos, mil brasileiros, quatro em cada dez pessoas no país têm sofrido de ansiedade. 

O resultado da recente pesquisa vai ao encontro do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) já aponta como uma epidemia no país, onde cerca de 18,6 milhões de brasileiros — 9,3% da população — convive com sintomas de ansiedade.

Letícia salienta que a intensidade desse transtorno e que irá determinar o tratamento, e que cada indivíduo pode identificar seu grau de ansiedade.

— Em algumas situações o que acontece é que a ansiedade nos prejudica e não nos deixa realizar atividades cotidianas. Ou ainda, temos sintomas como falta de ar, palpitação e até mesmo situações em que a pessoa precisa procurar um hospital, quando não consegue lidar com as sensações físicas provocadas por essa ansiedade.

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A falta de sono tem sido uma das sensações comuns na população durante este período de isolamento e combate ao covid-19. De acordo com os dados da Ipsos, 26% dos brasileiros têm enfrentado dificuldades para dormir na pandemia. Nesse aspecto, o país ficou atrás apenas do México ao considerarmos os efeitos da insônia. 

A especialista aponta que o primeiro passo para lidar com a ansiedade é entender o que está ligado a esse transtorno. Que pode ser estresse, excesso de preocupação com o futuro e com coisas que não estão sob o controle, como é o caso de uma pandemia.

Algumas práticas, no entanto, podem contribuir para diminuição de alguns sintomas, em casos em que essa ansiedade não atingiu níveis patológicos que necessitem obrigatoriamente de um profissional da área médica. Confira algumas dicas da psicóloga:

Identificar os pensamentos

É necessário identificar o que de fato se está sentido. Identificar principalmente quais são os pensamentos. “Se são muito negativos, se são muito acelerados, a cerca de coisas que nem aconteceram ainda, mas já estamos fantasiando e negativando”.

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Segundo a profissional, estes pensamentos disfuncionais podem vir à tona com uma atividade simples.

— Eu costumo falar para o meus pacientes, para que escrevam aquilo que estão pensando e sentindo. Isso ajuda a clarear as sensações. Ajuda a pensar naquilo que eu posso resolver hoje, aquilo que eu não posso resolver nesse momento e aquilo que não vou resolver porque não tenho controle. Assim você identifica e consegue resolver as situações e não fica ansioso com coisas que não te cabem.

Respiração

Outra dica importante é trabalhar a respiração. Pessoas que sofrem de ansiedade costumam respirar de forma inadequada, e é isso pode inclusive ocasionar falta de ar e taquicardia.

— Uma dica de respiração para o caso de uma crise de ansiedade é sentar em uma cadeira de forma bem confortável, olhar para cima e fazer uma contagem regressiva. Pode ser de 60 para baixo. Isso vai passar uma mensagem de desaceleração para o cérebro. Conforme vai diminuindo os números você vai também desacelerando.

Atividade física

A atividade física é essencial para as pessoas ansiosas, isso porque ela libera a endorfina e diminui o hormônio de estresse, que também causa a ansiedade.

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— Costumo indicar a prática de atividades que tragam prazer de um modo geral, mas a atividade física mais específica libera mais esse hormônio e isso auxilia muito no controle da ansiedade.