Este ano, 2011, encerra aquela que já é considerada a década mais quente da história, uma prova de que o aquecimento global é uma realidade, informou na terça-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Desde 1997, foram registrados 13 recordes no aumento das temperaturas na Terra.
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Ainda segundo a OMM, que divulgou um relatório provisório sobre as tendências e os extremos do clima, publicado durante a cúpula climática das Nações Unidas, em Durban, na África do Sul, o ano de 2011 é o 10º mais quente registrado desde 1850, quando tiveram início as medições de precisão.
– Nossa ciência é sólida e prova de forma inequívoca que o mundo está esquentando e que este aquecimento se deve às atividades humanas – afirmou o secretário-geral da OMM em um comunicado, acrescentando que as autoridades deveriam se conscientizar destas descobertas.
– As concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera alcançaram novas altas e se aproximam muito rapidamente de níveis consistentes com uma elevação de 2ºC a 2,4º C na média global de temperaturas – acrescentou.
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Os cientistas acreditam que qualquer elevação acima do teto de 2ºC poderá provocar mudanças amplas e irreversíveis na terra e nos oceanos. O período compreendido entre 2002 e 2011 equivale a 2001-2010 como a década mais quente desde 1850, acrescentou o documento.
Isto ocorreu apesar do fenômeno de resfriamento La Niña – um dos mais fortes em 60 anos -, que se desenvolveu no Pacífico tropical na segunda metade de 2010 e continuou até maio de 2011.
O relatório destacou que este fenômeno climático cíclico, que ocorre a cada três ou sete anos, ajudou a impelir eventos climáticos extremos, incluindo a seca no leste da África, nas ilhas do Pacífico equatoriano e no sul dos Estados Unidos.
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Embora o La Niña e seu “primo” meteorológico, o El Niño, não sejam causados pelas mudanças climáticas, as temperaturas oceânicas elevadas provocadas pelo aquecimento global podem afetar sua intensidade e frequência, afirmaram os cientistas. As temperaturas superficiais médias na terra superaram as médias de longo prazo na maior parte das regiões.
– Não há um único país que tenha registrado temperaturas médias entre 2001-2010 que tenham sido mais frias do que sua média nacional de longo prazo entre 1961-1990 – afirmou a jornalistas em Durban o vice-secretário geral da OMM, R.D.J. Lengoasa, citando uma revisão que será publicada em breve sobre tendências climáticas dos últimos dez anos.
Para 95% dos 80 países que submeteram dados relevantes, o período 2001-2010 foi a década mais quente já registrada, afirmou. Quarenta por cento bateram recordes nacionais de calor em 2001-2010, contra 15% no período 1991-2000 e 10% no período 1981-1990.
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– É preciso tomar ação urgente para prevenir os piores cenários de mudanças climáticas nas próximas décadas – disse Lengoasa.
O gelo marinho no Ártico encolheu ao ponto de registrar a segunda menor superfície desde 2007, alcançando uma finura recorde. Os eventos climáticos extremos de 2011 – alguns influenciados por La Niña – atingiram as regiões de forma desigual.
No leste da África, onde a agricultura depende quase exclusivamente da chuva, a seca severa castigou muitos países, especialmente o Quênia, a Somália e algumas partes da Etiópia. Treze milhões de pessoas precisaram de ajuda de emergência, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coorddenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
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No leste da Ásia, as chuvas durante a temporada de monções deste ano ficou bem acima da média, e os países mais afetados foram Tailândia e Laos. As cheias mataram quase mil pessoas em Tailândia, Camboja e Mianmar. Catorze eventos relacionados com o clima nos Estados Unidos causaram, cada um, ao menos US$ 1 bilhão em perdas.
Nas Américas Central e do Sul, chuvas acima de 200 milímetros mataram, em questão de horas, 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro, a maior tragédia climática da história do Brasil. Pelo segundo ano consecutivo, o Paquistão sofreu com cheias severas, embora mais localizadas, no sul, do que em 2010.
Um relatório em separado, também publicado esta na-feira, mostrou que Paquistão, Guatemala e Colômbia foram os países mais castigados em 2010 por eventos climáticos extremos. Segundo o documento, elaborado pela ONG europeia Germanwatch, em um prazo de 20 anos, Bangladesh, Mianmar e Honduras se revelaram os países mais vulneráveis à violência da natureza.
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